Ministério Público monta força-tarefa para investigar troca de tiros entre policiais de MG e SP

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
23/10/2018 às 14:47.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:23
 (Maurício de Souza/ Arquivo Hoje em Dia)

(Maurício de Souza/ Arquivo Hoje em Dia)

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) criou uma comissão especial para acompanhar a investigação do caso envolvendo uma transação milionária, que resultou na troca de tiros entre policiais civis de Minas Gerais e de São Paulo. Durante o tiroteio, que ocorreu na última sexta-feira (19), em Juiz de Fora, na região da Zona da Mata, um agente mineiro morreu baleado. Outras duas pessoas foram atingidas, sendo que uma permanece internada. Seis dos envolvidos estão presos.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas, que aguarda o laudo da perícia do local e da necropsia do policial morto. A corporação de São Paulo também abriu inquérito para apurar a conduta dos agentes lotados naquele Estado, que faziam "bico" trabalhando como segurança particular em uma empresa do ramo. Agora, o Ministério Público também entrará na investigação.

Em ato publicado no Diário Oficial Eletrônico do MPMG, na edição desta terça-feira (23), o procurador-geral de Justiça, Darcy de Souza Filho, designou os seguintes promotores para acompanharem as investigações: Juvenal Martins Folly e Cleverson Raymundo Sbarzi Guedes, da Comarca de Juiz de Fora; Cássia Virgínia Serra Teixeira Gontijo, coordenadora do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), além de Rodrigo Gonçalves Fonte Boa e Luiz Felipe de Miranda Cheib, ambos também integrantes do Gaeco.

Procurado pela reportagem, o Ministério Público garantiu que o procedimento de montar uma força-tarefa para acompanhar a investigação é normal e dentro dos trâmites legais.TV Globo/Reprodução/Montagem Transação milionária aconteceu no estacionamento de um hospital em Juiz de Fora

Depoimento

O empresário de São Paulo envolvido na transação milionária se apresentou à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e negou que estivesse vendendo dólares. À polícia, ele afirmou que foi até o município mineiro, em uma aeronave particular, para "pedir um empréstimo" para suas empresas, situadas na França, Espanha e Brasil. Como a transação envolvia muito dinheiro, o empresário disse que contratou uma empresa de segurança, mas garantiu que não sabia que os homens eram policiais civis. 

O empresário prestou depoimento por quase quatro horas, na tarde de segunda-feira (22), e afirmou que em troca do empréstimo ofereceria imóveis como garantia. Ele disse, ainda, que deixou o local da confusão - o estacionamento do Hospital Monte Sinai - antes do tiroteio. O empresário foi proibido pela Justiça mineira de deixar o Brasil. 

Golpe

Conforme as investigações da polícia, o empresário paulista seguiu de helicóptero para Juiz de Fora, onde trocaria dólares por reais com um empresário mineiro. Para fazer a transação, ambos contrataram seguranças "vips". O paulista estava escoltado por nove seguranças, sendo oito policiais de SP. Já o mineiro estava recebendo a proteção de policiais civis de Minas.

Durante a transação, porém, um dos empresários constatou que parte do dinheiro era falsa, momento em que teve início o tiroteio. Com os envolvidos foram encontrados R$ 15 milhões, sendo que R$ 14 milhões eram em notas falsas. O empresário paulista deixou a cena do crime em uma aeronave particular com destino a São Paulo. Com os envolvidos na ocorrência foram apreendidos rádios comunicadores e coletes, armas de grosso calibre - 380, 40 e 45 -, carregadores e munições.

O crime ocorreu por volta das 16h30 de sexta-feira (19) no estacionamento do Hospital Monte Sinai. Parte da ação foi registrada por câmeras de segurança e as imagens serão analisadas pela Policia Civil de Minas Gerais, que abriu inquérito para apurar o caso. A corporação informou que aguarda o laudo da perícia do local e da necropsia do policial morto.

Prisões

A Justiça mineira decretou a prisão preventiva de quatro policiais civis. Além dos dois delegados e dos dois investigadores, a Justiça também converteu de flagrante para preventiva a prisão de dois homens que estão internados desde que houve o tiroteio. 

Neste fim de semana, os quatro policiais foram transferidos para Belo Horizonte. A Secretaria de Estado de Administração Prisional de Minas Gerais (Seap) confirmou que o quarteto está em uma ala especial da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana da capital. 

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