Moradores de Barão de Cocais relatam apreensão diante de possível rompimento de talude de mina

Simon Nascimento
25/05/2019 às 10:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:49
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Barão de Cocais - Em clima de apreensão, moradores de Barão de Cocais circulam de forma tímida pelas ruas da cidade, na Região Central de Minas, na manhã deste sábado (25). A previsão da Vale é de que o talude norte da Mina Gongo Soco desabe ainda hoje. O abalo, conforme a mineradora, poderia ser um gatilho para o rompimento da barragem Sul Superior, cuja estabilidade não está garantida desde fevereiro. 

Caso o talude se rompa, fragmentos de concreto irão cair na cava da mina. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), nos dois últimos dias foram registradas movimentações de 16 centímetros na estrutura. Diante do risco anunciado, viaturas do Corpo de Bombeiros fazem patrulha pela cidade. 

Praça principal

Na praça principal, em frente à Igreja São João Batista, dois carros da Defesa Civil equipados com sistema de som estão preparados para avisar a população em caso de ruptura das estruturas no complexo minerário. Os rejeitos da barragem chegariam ao Centro da cidade pelo rio São João. “Barão está em pânico. Essa situação afeta todo mundo e não temos um parecer definitivo de ninguém sobre o que vai acontecer”, reclama a produtora rural Aparecida das Dores, de 57 anos.

Ela saiu da casa em que morava no bairro Lagoa - um dos que poderão ser atingidos pelos rejeitos em caso de colapso da barragem - e alugou um imóvel no bairro Santa Cruz, parte alta da cidade, longe da mancha de inundação. “Eu tenho muita fé em Deus de que nada de mal vai acontecer. Moro em Barão desde que nasci. Eu saí de casa porque estou com medo e preocupada”, diz a mulher, que, desde fevereiro, paga R$ 300 de aluguel em uma casa, onde vive com o namorado.

Apreensão

A guia de turismo Neuza Reis, de 65 anos, também se mostrou apreensiva com a situação. Toda a família dela mora em bairros que poderiam ser atingidos pela lama. “Minha preocupação é com a água. Se a barragem romper, vai afetar o rio e ficaremos sem”, diz. “Às vezes, torço para algo acontecer logo, assim ficamos livre desse monstro e voltamos a viver”, desabafa. 

Por outro lado, há quem esteja desconfiado de que nada vá acontecer. “Estão fazendo terrorismo desde fevereiro. Isso não vai dar em nada”, coloca um morador, que pediu anonimato. Lucas Prates

Família da guia de turismo Neuza Reis mora em um dos bairros que seriam atingidos: "Torço para que algo aconteça logo, assim ficamos livres desse monstro"

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