Moradores de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, incendiaram quatro ônibus e três carros na tarde de ontem, em protesto contra a morte de dois jovens. A manifestação interditou uma das principais ruas do município e causou reflexos na Ponte Rio-Niterói, via de acesso à Região dos Lagos, um dos destinos mais procurados pelos cariocas no feriadão.
O protesto começou após o sepultamento de Anderson Luiz Santos da Silva, de 21 anos, baleado na cabeça na madrugada de anteontem, quando a polícia tentava acabar com um baile funk. Um outro jovem morreu na manhã de ontem durante ação policial no bairro Morro do Céu, vizinho a Caramujo, onde os ônibus foram incendiados. Emanoel Gomes, de 17 anos, saía de motocicleta de sua festa de aniversário quando colidiu com um blindado da Polícia Militar, o Caveirão.
Os moradores armaram barricadas e interditaram parte da Alameda São Boaventura, uma das principais vias de Niterói, e da RJ-104. O Batalhão de Choque da PM enviou cerca de cem homens ao local. O trânsito foi liberado por volta das 16h.
Investigação
A Polícia Civil apura as circunstâncias da morte de Silva, que foi registrada pela Polícia Civil como bala perdida disparada durante confronto entre traficantes de drogas e policiais militares. As armas dos PMs envolvidos no tiroteio foram apreendidas, para a realização de perícia.
Silva, que trabalhava como eletricista, foi atingido quando ia para a Igreja Nossa Senhora de Nazareth, onde participaria de uma vigília de Páscoa. A irmã dele, de 9 anos, também foi baleada e está hospitalizada.
À tarde, a Arquidiocese de Niterói divulgou nota lamentando a morte do eletricista.
Em relação à morte de Gomes, a polícia afirmou apenas que "o menor morreu após colidir com o blindado do Choque, que realizava uma operação com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) na Comunidade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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