Morre o primeiro-ministro Meles Zenawi, o "último imperador da Etiópia"

AFP
21/08/2012 às 06:24.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:37

  ADIS ABEBA - O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, faleceu na noite de segunda-feira (20), anunciou o governo, que não revelou mais detalhes sobre a morte do ex-líder guerrilheiro, que era chamado de autocrata pelos opositores e de visionários pelos seguidores, como os imperadores históricos da Etiópia.     "O primeiro-ministro Meles Zenawi faleceu ontem à meia-noite", afirmou Bereket Simon, porta-voz do governo etíope. O vice-primeiro-ministro etíope, Hailemariam Desalegn, assumirá o governo de forma interina.   "Em aplicação à Constituição da Etiópia, o vice-primeiro-ministro tem que comparecer ao Parlamento, que será convocado o mais rápido possível, para prestar juramento", declarou Simon. "A situação é estável", completou. Simon afirmou apenas que Zenawi lutava contra problemas de saúde há um ano, mas se considerava pronto para o trabalho.   Meles Zenawi, de 57 anos e peso pesado dos líderes africanos, governava a Etiópia com mão de ferro há 21 anos: em 1991 ele assumiu o poder à frente de uma guerrilha que derrubou o regime do ditador Mengistu Haile Mariam. Este homem austero entrou para o clube dos dirigentes africanos no poder há mais 20 anos após uma vitória nas eleições de 2010 com direito a 99% dos votos.    Ele tinha menos de 25 anos quando assumiu o comando da FPLT (Frente Popular de Libertação de Tigray) em 1979, apenas cinco anos depois de ter abandonado a Faculdade de Medicina para entrar na rebelião de Tigray, ao norte do país. Nascido em 8 de maio em Adua (norte), Meles Zenawi ocupou o cargo de presidente da República (1991-1995), antes da mudança na Constituição que transformou a Etiópia em um regime parlamentar.    Ele era parte, ao lado do ruandês Paul Kagame e do ugandense Yoweri Museveni, da geração de dirigentes africanos que chegaram ao poder no fim dos anos 80 e início dos anos 90. O então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton considerava que eles poderiam ser "dirigentes do renascimento" africano. 

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