Basicamente, a tauromaquia trata da luta entre o homem e a fera, da razão humana sobre a força bruta. "É sobre o bem contra o mal", resume a checa Monika Burian Jourdan, curadora, ao lado da italiana Serena Baccaglini, da mostra que apresenta três diferentes visões das touradas - ou do embate com os touros - pelas mãos dos artistas espanhóis Goya, Picasso e Dalí, a ser inaugurada neste sábado, 10, no Museu de Arte Brasileira (MAB) da Faap. São, exatamente, 303 gravuras e desenhos originais dos mestres, reproduções, fotografias e a escultura de bronze Minotauro, de Salvador Dalí.
Primeiramente, Tauromaquia foi exibida em Praga, em 2012, onde a exposição reuniu não apenas as obras dos três gênios da Espanha como ainda trabalhos de jovens artistas contemporâneos da República Checa. "Descobrimos que aqueles criadores, mesmo sem nenhuma tradição de touradas, usaram o conceito para expressar sua dissidência contra a força bruta do comunismo", comenta Serena Baccaglini. O interessante é justamente o tema ser universal, mitológico, completa a italiana.
Na versão que chega agora a São Paulo, a mostra não promove diálogo com a arte local, mas traz como diferencial os exemplares da série gráfica Le Cocu Magnifique (1966), de Pablo Picasso. Artista mais bem representado da exposição, o autor da Guernica explorou a tauromaquia já nos preparativos da criação dessa monumental pintura em cinza e preto e branco. De forma explícita, anteriormente, na concepção das águas-tintas Sonho e Mentira de Franco (1937). O pintor, assim, recorre a uma alegoria tradicional espanhola para falar dos destroços da Guerra Civil e da ditadura franquista em seu país.
Entretanto, os touros aparecem na obra de Picasso (1881-1973) também como reverência ao mestre Francisco de Goya y Lucientes (1746-1828).
Sua série Tauromaquia (1815/16) é exibida na Faap em sua totalidade, ou seja, através de 40 obras feitas nas técnicas da gravura em metal, água-forte, água-tinta, ponta seca e caneta. "São cenas reais de tauromaquia que Goya criou com base em sua memória porque não poderia fotografá-las", afirma Monika. "É ainda o período em que ele, um pintor da realeza, começa a se opor aos reis, a fazer sua crítica a esta sociedade."
Para completar o time, Salvador Dalí (1904-1989) traz o vermelho para seus óleos sobre cartão em torno das touradas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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