PORTO ALEGRE - Motoristas e cobradores de Porto Alegre decidiram em assembleia na noite desta segunda-feira (10) voltar ao trabalho. Eles não aceitaram a proposta oferecida pelas empresas de ônibus, mas decidiram aguardar a decisão da Justiça do Trabalho sobre o impasse. A greve paralisou o transporte público da cidade nas últimas duas semanas. A expectativa é que os ônibus voltem a circular já na madrugada de terça-feira (11). As empresas oferecem reajuste salarial de 7,5% e fim gradual do banco de horas. No início das negociações, os grevistas pediam aumento de 14%. O caso será julgado pela Justiça do Trabalho no próximo dia 17. A greve foi marcada por um racha dentro do sindicato e por mobilização de movimentos sociais. Organizações estudantis promoveram dois protestos em apoio à paralisação e ajudaram a bloquear as garagens. Alas radicais do sindicato decidiram não obedecer ordens judiciais determinando a circulação de uma frota mínima e não acatar uma trégua negociada pelos setores moderados com as empresas no início da paralisação. A Justiça do Trabalho calcula em R$ 1,15 milhão a multa a ser aplicada por descumprimento da ordem. Desde o último dia 27, a capital gaúcha vive uma série de transtornos. Vans clandestinas tomaram as ruas, o comércio acumulou perdas milionárias e escolas municipais suspenderam atividades. Passageiros formavam longas filas na espera por micro-ônibus executivos, que não pararam durante a greve. De acordo com a administração municipal, no período houve 46 casos de ônibus apedrejados ou danificados. A prefeitura, governada por José Fortunati (PDT), cogitou chamar a Força Nacional de Segurança para garantir a circulação dos ônibus e acusou o governo de Tarso Genro (PT) de não colaborar para a volta do serviço. Com o fim da greve, uma nova polêmica envolvendo o transporte público deve pressionar o prefeito. Ele já admitiu que terá de elevar em breve o valor da passagem, que hoje é de R$ 2,80. Manifestantes que lideraram protestos que derrubaram o aumento da tarifa em 2013 prometem organizar novos atos contra o reajuste.