(Luiz Costa/Hoje em Dia)
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Augusto Nardes, relator do processo que rejeitou ontem as contas do governo federal de 2014, disse na tarde desta quinta-feira (8) que o procurador do Ministério Público junto ao TCU, Julio Marcelo de Oliveira, já trabalha na investigação das contas de 2015 do governo.
"Não sou o relator das contas de 2015, mas o Ministério Público já atua nesta questão", afirmou. Nardes participa do Congresso Internacional de Controle de Políticas Públicas, realizado pelo Instituto Rui Barbosa, que termina nesta quinta-feira (8), em Belo Horizonte. Ele chegou ao Minascentro, onde ministrou uma palestra, escoltado pela Polícia Militar de Minas Gerais. O ministro alega ter recebido ameaças durante todo o processo de análise de contas. "Recebi muitas ameaças por e-mail e telefone. Diziam querer acabar comigo. Então pedi proteção".
"Foram R$ 106 bilhões sem o Congresso tomar conhecimento. Isso é muito triste para a nação brasileira. A decisão de ontem foi um momento histórico. Chegamos a temer que pudesse ter sido estabelecida uma mordaça no TCU, mas felizmente conseguimos terminar nosso trabalho", destacou o ministro.
O presidente do TCU, Aroldo Cedraz, também esteve em BH para o último dia de evento. Durante palestra, ele afirmou que o Tribunal agiu com total transparência e independência no julgamento das contas.
Histórica
Dilma Rousseff se tornou a segunda presidente da República a ter as contas rejeitadas pelo TCU. O Tribunal não recomendava a desaprovação das contas presidenciais desde 1937, quando Getúlio Vargas teve o balanço rejeitado.
A decisão é um parecer prévio, já que as contas ainda vão passar por comissão mista no Congresso para, enfim, serem julgadas por deputados e senadores.
A Advocacia-Geral da União (AGU) chegou a pedir abertura de processo disciplinar e consequente afastamento de Augusto Nardes, relator do processo. O argumento foi de que o ministro antecipou o voto e demonstrou parcialidade em declarações à mídia. Mas os pedidos foram, também unanimemente, rejeitados pelo pleno do TCU.