Apesar de mais uma vez haver impasse sobre a definição do trajeto, o Movimento Passe Livre (MPL) realizou nesta terça-feira, 26, em São Paulo o 6.º ato contra o aumento da tarifa de ônibus, trens e metrô. O protesto se dispersou por volta das 20h30, sem o registro de nenhum incidente. Para poder deixar a Estação da Luz, onde foi realizada a concentração às 17 horas, os manifestantes decidiram seguir parte do percurso definido pela Polícia Militar e terminaram o ato na Câmara Municipal.
A passeata desta terça contra o aumento da passagem de R$ 3,50 para R$ 3,80 teve baixa adesão na avaliação de integrantes do MPL e também da PM. Segundo o tenente-coronel Henrique Motta, um dos comandantes da operação, o ato foi um dos menores desde o dia 8, "com bem menos do que mil pessoas". A tarifa foi reajustada no dia 9.
O MPL não divulgou números e culpou a polícia pelo fracasso. "Essa baixa adesão é resultado da estratégia policial de jogar bombas e reprimir as manifestações. As pessoas ficam com medo e não vão para a rua", disse Fred Luca, militante do Passe Livre. "Vamos fazer uma reunião na quinta-feira e, depois, vamos fazer uma reavaliação. O MPL luta pela tarifa zero, barrar o aumento é uma das ações. A luta continua, mesmo se sairmos das ruas", afirmou Luca.
Mais uma vez, o trajeto foi definido na concentração, apesar dos pedidos de divulgação antecipada feitos pelo governo estadual. Por volta das 17h30, a Tropa de Choque bloqueou a saída do Parque da Luz para a Avenida Tiradentes e revistou mochila de manifestantes.
Após acordo entre a PM e o MPL, a manifestação saiu por volta das 19 horas. Os manifestantes seguiram pela Rua Mauá e pelas Avenidas Cásper Líbero, Ipiranga e São Luís, e finalizaram a passeata na Câmara. A caminhada foi pacífica, mas uma fileira com cerca de 40 mascarados foi à frente. A PM escoltou os manifestantes durante todo o trajeto.
Inicialmente, o MPL informou que não aceitaria o trajeto da polícia, que propusera terminar a passeata na Assembleia Legislativa. "A PM não sugere, exige o trajeto que vamos seguir e isso é inconstitucional", afirmou Monique Felix, porta-voz do MPL. O tenente-coronel Francisco Camgerana, porém, aprovou a proposta. "Vamos fazer porque faz parte do trajeto proposto pela Secretaria da Segurança Pública."
Trajeto
Ao longo do trajeto, o ato prejudicou trabalhadores. A diarista Elenice Jesus dos Santos, de 61 anos, ficou sem pegar o ônibus na Avenida Ipiranga, de onde iria para o Jardim Ângela, zona sul. "Eu faço faxina cobrando R$ 100 por dia e não é toda patroa que paga a passagem. Tem dias que pego ônibus e metrô e me custa mais de R$ 10. Para quem ganha o que eu ganho, aumentar o preço é um prejuízo", disse.
O comerciante Anderson de Moraes dos Santos, de 43 anos, reprovou o ato na rua. "Atrapalha a vida de todo mundo e não consigo entender se eles protestam contra a tarifa ou contra polícia. A conta de luz também está alta e não vejo ninguém reivindicar nada", afirmou.
Ao chegar na Câmara, o grupo fez um jogral. "Na quinta-feira, a população convoca o prefeito (Fernando Haddad) e o governador (Geraldo Alckmin) a explicar o aumento, sem bomba. Amanhã vai ser maior", disse o jogral, antes da dispersão na Câmara.
As Estações Anhangabaú e República foram fechadas, mas logo reabertas. O ato de quinta será a partir de 17 horas no Largo do Paiçandu.
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