Prazo poderá ser maior, de pelo menos 360 dias, quando o filho nascido ou adotado (ou a criança ou adolescente cuja guarda tiver sido obtida) for pessoa com deficiência (Reprodução Internet)
A maioria dos brasileiros que concluíram doutorado no exterior nos últimos quatro anos é mulher, mas elas ainda têm menos inserção no mercado de trabalho e recebem salários menores do que os homens, segundo levantamento do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Segundo o estudo, ao qual a reportagem teve acesso com exclusividade, 14.173 brasileiros obtiveram título de doutor fora do país entre 1970 e 2014. Desse total, 8.357 (59%) são homens e 5.786 (41%), mulheres.
A partir de 2012, porém, a tendência se inverte, e as mulheres passam a ser maioria, chegando a 60% do total em 2014.
"A reversão pode estar associada a um conjunto de fatores sociais e econômicos bem conhecidos no país, como a crescente independência da mulher na sociedade, a transformação do papel feminino e a participação ativa no mercado de trabalho", diz o relatório, cuja íntegra deverá ser apresentada hoje em Brasília.
"É uma tendência que já se observa há algum tempo entre os doutores titulados no país", disse o presidente do CGEE, Mariano Laplane.
No cenário doméstico, as mulheres já são maioria desde 2004. "Acho isso muito bom. Pena que a remuneração não esteja equilibrada."
Os salários das mulheres, porém, são em média 20% menores - diferença menor do que a verificada no mercado de trabalho em geral (em torno de 25%), mas ainda significativa. A taxa de emprego formal entre as mulheres também foi menor do que entre os homens em todos os anos do período.
Altos e baixos
A média de doutores formados no exterior desde 1970 foi de 315 por ano, com altos e baixos ao longo do período.
Houve uma queda expressiva entre 1995 e 2001 - reflexo de uma mudança estratégica, no sentido de favorecer a formação de doutores dentro do país.
Mas os números voltaram a crescer a partir de 2001, e explodiram a partir de 2007, impulsionados pelo crescimento econômico e pelo lançamento do Ciência sem Fronteiras.
A base para o estudo foi a plataforma de currículos Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
A única
Em 1981, recém-graduada em Arquitetura e Urbanismo, Leda Maria Vieira Machado, que se formou em 1979, sentiu na pele o que era ser minoria quando foi uma das 14 alunas de um curso de pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da University of London, na Inglaterra.
"Tinha gente do mundo inteiro e eu era a única mulher, e a mais nova", conta ela, hoje com 57 anos.
"Fui muito bem e me convidaram para fazer mestrado", diz ela. O mestrado foi em Economia. Na sequência veio o doutorado em Sociologia.
Em 1991, Leda decidiu voltar. "No fundo, sentia uma obrigação social com o Brasil. Quem pagou meus estudos foram os brasileiros, com impostos", diz ela, que foi bolsista. Em 1998, ainda fez um pós-doutorado na Espanha.
Ela trabalhou em empresas públicas, foi comissionada na Universidade de São Paulo (USP) e dirigiu Departamentos de Recursos Humanos de diversas multinacionais. Desde 2011, tem uma empresa própria de consultoria, a LMachado.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.