Não é exagero dizer que a temporada do Mundial de Fórmula 1 que se inicia neste fim de semana com o GP da Austrália marca uma nova era para o circo. Afinal, mudança é a palavra de ordem, e em doses nada discretas. Tudo para aumentar a emoção e trazer de volta um público que, nos últimos anos, se cansou dos longos períodos de hegemonia e das corridas sonolentas.
E a revolução não ocorre apenas na pista e no visual dos carros. Depois de quatro décadas à frente da categoria, o inglês Bernie Ecclestone, responsável por transformá-la num espetáculo global, ganhou a condição de figura decorativa do grupo norte-americano Liberty Media, que adquiriu os direitos comerciais do circo. O poder está agora nas mãos do bigodudo executivo Chase Carey, com uma história de sucesso em equipes esportivas de seu país. A promessa é tornar a F-1 mais próxima do público e levá-la para além dos autódromos – Carey afirmou que gostaria que o calendário fosse composto por 21 Superbowls, numa referência à final da NFL.
Lógico que boa parte do sucesso depende do que se passará na pista – e o retrato real só será revelado a partir dos treinos nas ruas do Albert Park, em Melbourne. Diante da surpreendente aposentadoria do atual campeão, Nico Rosberg, um domínio da Mercedes, que trouxe Valtteri Bottas para o lugar do alemão, poderia afugentar ainda mais os fãs.
O finlandês tem a chance da vida, mas dificilmente conseguirá se impor diante de um companheiro experiente e escolado nos bastidores como Lewis Hamilton.
Apostas
O bom desempenho da Ferrari (que aposta em um carro desenhado por um time de projetistas sem grande expressão) na pré-temporada e o discurso da dupla da Red Bull dando a entender que o time do touro vermelho escondeu o jogo e não mostrou todas as cartas são motivos para otimismo.
A principal certeza de um ano marcado pela dança das cadeiras nas equipes (sete dos 10 times têm nova formação) é de que a nova geração de carros será a mais rápída da história. Os treinos em Barcelona confirmaram que o objetivo de baixar, em média, três segundos nos tempos por volta foi atingido com sobras.
Como não há certeza de que será o suficiente para proporcionar mais disputas e ultrapassagens, os novos manda-chuvas da categoria recorreram a um nome de peso para supervisionar a parte técnica e pensar em ir ainda mais longe: Ross Brawn, projetista campeão do mundo com a Ferrari e com o time que levou seu nome, herdando o espólio da Honda. A torcida geral é para que ele tenha pouco a mudar e a F-1 se reconcilie com o público.
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