(Editoria de Arte)
Pelo menos 99 armas de fogo foram roubadas por mês em Minas, no ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). No interior, as fazendas têm sido o alvo principal. Já na capital, residências, empresas de segurança e lojas especializadas em armamento estão na mira dos criminosos, segundo informações da Polícia Militar.
Em 12 de março, bandidos que se passavam por moradores sem-teto fizeram um buraco na parece de uma loja do segmento na rua Caetés, no Centro de Belo Horizonte, e deixaram vazias as prateleiras onde estavam dezenas de armas.
Um dia antes, criminosos assaltaram uma empresa de segurança em Contagem, na região metropolitana, e levaram oito espingardas calibre 12 e 16 revólveres calibre 38. Os itens foram apreendidos quatro dias depois, em Venda Nova, e de acordo com os investigadores seriam usados em assaltos a banco.
Apreensões
Porta-voz da PM, o major Flávio Santiago explica que a apreensão de armas é hoje uma das principais demandas da corporação. Ele afirma que quase metade do material encontrado são revólveres e, em muitos casos, réplicas do armamento.
“As apreensões contribuem para reduzir consideravelmente o número de homicídios e crimes violentos, mas vemos também muitos criminosos utilizando simulacros”, relata Santiago. “Os estudos apontam que uma arma na mão de um bandido pode representar até cem delitos”, frisa.
Contrabando
Em janeiro, as forças de segurança conseguiram recolher, em Minas, 1.862 armas de vários tipos e em diversas situações. Uma média de 62 por dia. A maioria, no entanto, chegou às mãos dos criminosos por meio do contrabando internacional. É o que afirma o delegado da Polícia Civil Murillo Ribeiro. “São armas que entram pelas fronteiras com países vizinhos e têm cada vez mais calibres como 9 milímetros, que é de uso restrito das polícias”.
Mesmo nos casos em que as armas encontradas têm a numeração raspada, no intuito de dificultar a identificação da origem do equipamento, há formas de se descobrir se o armamento foi roubado ou não, garante Ribeiro. “Quando há adulteração, nós fazemos o exame metalográfico – que recupera a numeração em série com reagentes químicos – para sabermos a origem daquela arma”, explica o delegado.
Transparência
A busca por mais transparência no controle do que é apreendido também pode contribuir para que menos armas entrem em circulação de forma ilegal. Quem avalia é a advogada criminalista Carla Silene, diretora do Instituto de Ciências Penais (ICP).
“Infelizmente, há casos recorrentes de armas apreendidas que, por ausência de controle, são novamente empregadas na prática de crimes”, diz. “Faltam leis que determinem com mais clareza o que deve ser feito com esse arsenal”, ressalta.