Não seja enganado pelos juros

12/06/2016 às 19:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:52

Vai tomar crédito ou possui dívidas? Recomendo, então, dar uma olhada na pesquisa de juros do Instituto de Pesquisa Econômica e Administrativa (Ipead/UFMG). A apresentação da pesquisa é muito simples e de entendimento imediato. Está dividida por setores e por pessoa física e jurídica. E apresenta a maior e a menor taxa encontrada no mercado de Belo Horizonte e o juro médio praticado.

Para que serve a pesquisa? Para que, ao comprar um bem a prestação ou tomar um empréstimo, você saiba se está contratando um juro acima ou abaixo da média do mercado. E o mesmo vale para as dívidas antigas, para se saber se os juros contratados estão dentro da realidade atual de mercado. Ou seja, é uma ferramenta para ordenação financeira e para negociação com quem oferece crédito, seja o banco, a construtora, a concessionária de veículos ou a loja de eletrodomésticos.

Pela última pesquisa, referente a maio, ficamos sabendo, por exemplo, que o maior juro praticado atualmente é o do uso do cartão de crédito rotativo. O maior juro encontrado é de 18,02% e o menor de 15,28%. Já o juro do cartão de crédito parcelado vai de 4,90 até 11,43%.

São taxas absolutamente absurdas. Em qualquer país do mundo já seriam absurdas se fossem cobradas anualmente, mas no Brasil são juros mensais. Mas o juro do parcelamento é bem menor que o do rotativo. Caso você não tenha conseguido pagar integralmente a fatura do cartão, então verifique imediatamente a taxa que está pagando e faça as contas. É provável que em muito pouco tempo você já esteja acumulando uma dívida impagável.

Vamos fazer uma continha simples. Suponhamos que um cliente de cartão de crédito não tenha conseguido pagar R$ 1 mil de sua fatura e tenha entrado no crédito rotativo. E que por azar esteja nas mãos do banco e da operadora que cobram o juro mais caro. Lançando juro sobre juro, a dívida mais que dobrará em apenas cinco meses, passando para R$ 2.287. Em sete meses, terá sido triplicada, para R$ 3.185. Quadruplicará em nove, para R$ 4.435. E em doze meses terá chegado ao absurdo de R$ 7.287. Ou seja, mil reais terá sido multiplicado por sete em apenas um ano.

Então, ao invés de pagar 18% ao mês no rotativo, que tal trocar essa dívida por outra com juro de, digamos, 1,94% ao mês? Esse é o menor juro de crédito pessoal encontrado pela pesquisa do Ipead, mas só vale para o crédito consignado para funcionários públicos. Já o menor juro para o consignado privado é de 2,45%.

Então, se estiver em dívida com o banco, qualquer que seja ela, use a pesquisa para encontrar um crédito alternativo que seja mais barato e para negociar com seu gerente. Se não for feliz na negociação, troque de banco. Por lei, é garantido a todos os cidadãos a portabilidade dos créditos tomados no mercado financeiro.

Agora, se seu caso for a intenção de comprar casa, carro ou bem durável  financiado, na pesquisa também estão todos os juros maiores, menores e médio cobrados por categoria. A pesquisa mostra, por exemplo, que o menor juro encontrado no setor imobiliário, de 0,13%, vale tanto para apartamento comprado na planta quanto para imóvel já construído. Então, se não houver um bom desconto no preço do imóvel, não existirá vantagem em se comprar um apartamento na planta.

É evidente que na hora de negociar um bem como um imóvel ou um carro, não são apenas os juros que determinam a compra. Mas, pelas absurdas taxas cobradas no Brasil eles são muito relevantes. Faça as contas, compare e exija pagar o mínimo ou algo muito próximo do mínimo. E sempre abaixo da média de mercado. A pesquisa é aberta e está no site da Fundação Ipead.

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