Contra os cortes na Universidade de São Paulo (USP), estudantes invadiram ontem o prédio do curso de Letras da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), na Cidade Universitária, zona oeste de São Paulo. Anteontem, os alunos já haviam aprovado entrar em greve em apoio aos funcionários, que também estão paralisados. Eles disseram que estudam novas ocupações.
Os alunos reivindicam que a USP adote sistema de cotas e políticas de permanência estudantil para pessoas de baixa renda. E querem a contratação de professores, praticamente paralisada há dois anos por causa da grave crise financeira enfrentada pela universidade. "A situação na Faculdade de Letras é extremamente precária. Por falta de professores, algumas disciplinas obrigatórias de graduação e pós-graduação deixaram de ser ministradas e várias aulas ficam lotadas, com até 70 alunos em sala", afirmou Gabiru Campos, de 19 anos, do 2º ano.
Segundo levantamento feito pelos alunos, o Departamento de Letras Modernas, por exemplo, deveria ter 84 professores e está com 76. "Desde 2014, tivemos vários docentes que se aposentaram", afirmou o aluno.
Os estudantes disseram que outras faculdades estão se organizando para novas ocupações na universidade. "A ocupação da Letras vai ser a ponta da lança para reacendermos o movimento estudantil e colocarmos o reitor (Marco Antonio Zago) contra a parede, porque não vamos aceitar mais cortes", disse Campos.
Os estudantes também disseram que vão unificar a luta das universidades estaduais paulistas com os secundaristas, que invadiram escolas e prédios públicos nos últimos 15 dias. Alguns secundaristas até foram chamados para a ocupação da Faculdade de Letras para "dividir a experiência" com os universitários. "A gente se inspira, porque eles estão na vanguarda", afirmou Campos.
Sindicato e USP
Anteontem, o Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) iniciou greve contra os cortes na universidade, reivindicando reajuste salarial de 12,8% e revogação da decisão da reitoria de tirar a sede do sindicato do câmpus.
Em nota, a USP afirmou que a greve é "preventiva", já que as negociações salariais ainda não terminaram. E disse "confiar que a maioria da comunidade universitária não vai aceitar isso passivamente". A universidade não comentou a ocupação do prédio da Faculdade de Letras.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br