Nasce um brasileiro e a escalada do PIB

Do Hoje em Dia
15/11/2012 às 08:23.
Atualizado em 21/11/2021 às 18:18

O governo brasileiro se alegrou com um ranking divulgado em março deste ano pelo banco alemão WestLB, no qual o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, de US$ 2,48 trilhões, era o sexto maior do mundo no ano passado. Devido à crise financeira mundial, países que estavam à nossa frente, como o Reino Unido, perderam posição, daí a escalada brasileira. Na verdade, não há motivos para comemorar. O crescimento econômico verificado nos últimos anos ficou aquém das necessidades da população, as empresas enviaram para os acionistas no exterior grandes dividendos, e o país continua em péssima posição no ranking do desenvolvimento social.

As imagens mostradas ontem pelo noticiário da televisão confirmam uma realidade impossível de ser esquecida. Na última terça-feira, Gislene Ramos, de 29 anos de idade, procurou a maternidade do Hospital Regional de Ceilândia, no Distrito Federal, para ter ali seu quarto filho. Chegou às 13 horas e ficou na portaria esperando aflita por uma vaga. Funcionários explicavam que não poderiam interná-la, pois não havia médicos para atendê-la.

Sem ter para onde ir, a mulher ficou esperando. Treze horas depois, deu à luz a um menino, no chão da portaria do hospital.

A cena foi gravada pelo celular de outra mulher que presenciou o drama. As imagens e os testemunhos não poderiam ser desmentidos.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal abriu processo administrativo para apurar se houve negligência. Tanto o drama dessa mãe brasileira quanto as consequências dessas apurações oficiais são muito negativos para um país que tenta ocupar um lugar de destaque entre as nações.

Nossas carências sociais ficam evidentes também na Pesquisa de Informações Básicas Municipais – Perfil dos Municípios, divulgada pelo IBGE na véspera do dia em que nasceu o brasileirinho Alan Guilherme no chão de um hospital localizado a 40 quilômetros do Palácio da Alvorada.

Apenas 6% das 5.565 prefeituras se preocuparam em pelo menos mapear as áreas de riscos ambientais e geológicos para prevenir mortes como estas que já se sucedem com a chegada das chuvas. Em Minas, 234 prefeituras decretaram situação de emergência no último período chuvoso, entre setembro de 2011 e março deste ano. Pouco se fez, desde então, para prevenir novos desastres.
São apenas alguns exemplos, para reclamar das autoridades que saiam de sua situação de conforto e tentem, de fato, atender às necessidades da população.
 

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