Nely Aquino será a segunda mulher a assumir a Presidência da Câmara Municipal

Lucas Simões
12/12/2018 às 20:40.
Atualizado em 05/09/2021 às 15:32
 (Rafa Aguiar/CMBH/divulgação)

(Rafa Aguiar/CMBH/divulgação)

Após uma articulação relâmpago da base governista, a vereadora Nely Aquino (PRTB) foi eleita a nova presidente da Câmara Municipal, em sessão plenária na Casa, ontem. Nely é a segunda mulher a presidir o Legislativo da capital e a primeira eleita no primeiro mandato. Antes dela, apenas Luzia Ferreira ocupou o cargo, entre 2009 e 2010.

Com 24 votos, três a mais do que o necessário para se eleger em primeiro turno, a candidata Nely Aquino aglutinou a base do prefeito Alexandre Kalil (PHS). Além dela, foram eleitos para a Mesa Diretora os vereadores Preto (DEM) como 1° vice-presidente; Jair Di Gregório (PP) como 2° presidente; Carlos Henrique (PMN) para secretário-geral; Catatau (PHS) na primeira secretaria e Marilda Portela (PRB) como segunda secretária.

Dentre os novos membros da Mesa Diretora da Câmara, apenas Carlos Hen[/TEXTO]rique e Marilda Portela votaram pela cassação do mandato do vereador afastado Wellington Magalhães, por quebra de decoro, em agosto deste ano, sob a acusação de que o parlamentar teria desviado R$ 30 milhões do Legislativo municipal quando era presidente da Casa. 

Na época, Nely se absteve da votação, ajudando a absolver Magalhães. Nenhum vereador foi contrário à cassação.
Apesar disso, a nova presidente da Casa rechaçou que seu mandato possa sofrer qualquer influência de Magalhães ou dos aliados dele. 

“O processo de presidência da Câmara não tem nada a ver com o processo de cassação de Wellington Magalhães. E não existe grupo de Wellington Magalhães, existe base do prefeito Kalil”, disse a vereadora.

Nely fez frente à candidatura do vereador Orlei (Avante), que somou nove votos e, apesar de compor a base de governo, foi o principal adversário da candidata governista. 

Até a semana passada, porém, Nely não era nem cotada para o cargo. Nos bastidores, entretanto, parlamentares atribuem ao prefeito uma articulação para a escolha da parlamentar, embora a vereadora negue o suposto acordo.

“Eu disse que não seria candidata e colocaria meu nome como vice-presidente. Mas foi um consenso do grupo e aceitei. O consenso do grupo foi a minha candidatura”, justificou Nely. 

No mesmo sentido, apesar de admitir um encontro entre o prefeito e os vereadores da base, o atual líder de governo na Câmara, Léo Burguês (PSL), negou que Kalil tenha apresentado um nome aos vereadores. “O que houve foi um nome que levamos ao prefeito. E não o contrário”, afirmou Burguês.

Nely Aquino é irmã do ex-vereador Valdivino Pereira de Aquino. Ela chegou a usar o nome do irmão durante a campanha à Câmara Municipal, em 2016, se identificando aos eleitores como “Nely do Valdivino”. 

O irmão dela, que cumpriu dois mandatos na Câmara de Belo Horizonte, foi condenado, em 2007, por falsificar comprovante de escolaridade do ensino fundamental no registro da candidatura – à época, o próprio vereador chegou a confirmar a farsa.


Vereadores articulam CPI da BHTrans

Com a escolha de Nely Aquino para a presidência da Câmara Municipal, a base do prefeito Alexandre Kalil (PHS), que soma 28 vereadores, pode sofrer algum impacto na próxima legislatura. Vereadores como Gabriel Azevedo (PHS), que também concorreu à presidência da Casa, e o próprio Orlei (Avante) articulam a manutenção de um grupo autointitulado independente, composto por até 15 parlamentares de oposição, o que pode dificultar a aprovação de projetos da Prefeitura no Legislativo.

A primeira medida do grupo de oposição foi protocolar ontem as 21 assinaturas necessárias para a instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da BHTrans, que vai realizar auditoria no Serviço de Transporte Público Coletivo e Convencional de Passageiros por Ônibus do Município de Belo Horizonte. A intenção dos vereadores é “abrir a caixa-preta” do transporte público, em um processo paralelo à auditoria que já está em curso.

“Foi uma promessa do prefeito e queremos que seja cumprida. A auditoria era para ter sido finalizada em outubro e até agora, nada. A CPI vai ajudar a clarear esse trabalho”, disse Gabriel. 

No entanto, para o líder do governo na Casa, Léo Burguês, o ideal é aguardar a conclusão da auditoria da BHTrans para, posteriormente, se for necessário, autorizar uma CPI.

“A auditoria tem um papel importantíssimo. E muitos vereadores usam de postura demagógica para tratar desse assunto. O prefeito quer e vai abrir essa caixa-preta para a população da cidade”, afirmou Burguês.

AUDITORIA
A auditoria da BHTrans na Câmara Municipal tem sido realizada pela empresa Maciel Consultores, selecionada em licitação em fevereiro deste ano. Os trabalhos ainda estão na primeira fase e a expectativa de conclusão do relatório é para abril do ano que vem. 

Ao todo, a auditoria analisa os contratos da BHTrans e de outras 40 concessionárias de ônibus municipais. Além disso, a auditoria vai avaliar receitas e despesas dessas empresas entre 2013 e 2016, quando houve o último reajuste das passagens de transporte coletivo em Belo Horizonte. 

 

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