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Em 2016, durante a campanha à Prefeitura de Belo Horizonte, o então candidato do PHS e hoje filiado ao PSD, Alexandre Kalil, usou o seguinte slogan: “Chega de político, é hora de Kalil”. Três anos depois, o ex-presidente do Atlético se prepara para disputar a reeleição em condições bem diferentes.
Primeiro porque agora Kalil é um político e terá de abrir mão do slogan. Segundo: irá precisar preparar o terreno para a campanha ao mesmo tempo em que toca obras consideradas prioritárias para o próprio governo, como as que tentam evitar as inundações em Venda Nova, no Barreiro e na região Oeste da capital.
Por fim, Kalil está desalinhado politicamente com o vice, Paulo Lamac, que teve papel importante na eleição dele. O prefeito, quando for candidato, precisará de outro vice? Os planos do atual prefeito para 2020, ações contra enchentes e a ampliação do metrô são temas abordados nesta entrevista exclusiva ao HOJE EM DIA.
Quem será o vice na sua chapa à reeleição?
Nem minha mulher sabe quem será meu vice. Nem meus filhos sabem. Ninguém sabe. Vou te confessar uma coisa: eu também não sei não.
Mas o seu vice terá um perfil técnico ou político?
Aí nós vamos entrar num jogo de adivinhação...
Belo Horizonte recebeu da Unesco, semana passada, o título de Cidade Criativa pela gastronomia. O que a prefeitura fará para este título trazer resultados econômicos para a capital?
A prefeitura irá dar suporte, mas o polo gastronômico é que tem de se movimentar. Tem de pegar o trem.
Por exemplo, redução de impostos está na previsão do senhor?
Não, não, não. Isso não é incremento. O incremento já foi dado pela ONU, que é o título. Quem mexe com isso é que tem de botar para quebrar.
Alterar a Lei do Silêncio pode ser uma alternativa?
Não. A Lei do Silêncio é muito razoável em Belo Horizonte.
O senhor a acha ultrapassada?
Moro no lugar que tem mais festa em Belo Horizonte, que é o bairro de Lourdes. Quando há pouco, há quatro prédios fazendo festas perto de mim. Acho que 22h (para redução do volume do som) é um bom limite de horário. Porque 22h30 (se o som for alto) eu vou pular do meu prédio. Porque a música é alta, é sem dó. Acho que é uma lei razoável, que pode ser modificada em épocas diferentes.
Ainda pegando o gancho do título concedido pela Unesco, o Executivo enviou à Câmara Municipal um projeto de lei para entregar à iniciativa privada alguns mercados e feiras que estão obsoletos ou vazios, como o Mercado Santa Tereza e a Feira Coberta do Padre Eustáquio. A ideia é resgatar o conceito de feira, gastronomia. Como está a tramitação do projeto?
É o que a gente pode fazer: chamar a população para ocupar o espaço abandonado. Não sou do ramo, mas preservamos o que tinha (como horta no Santa Tereza) e atraindo (ideias e projetos) para os que estão vazios. Queremos também melhorar a feira na avenida Afonso Pena.
Um assunto de destaque nos últimos dias foi o segundo acidente, em 2019, com aviões que decolaram do aeroporto Carlos Prates. A PBH tem alguma proposta ou intenção de parceria com a Infraero em relação ao terminal? Moradores da região defendem o fechamento do local.
Imagina o Santos Dumont (também em área urbana, no Rio) se acontecesse de cair um avião? Ou se acontecer de cair um 737 em São Paulo, como já caiu. Você já ouviu falar em fechar Congonhas (SP)? Temos de parar com isso.
Mas podemos lutar para ter uma fiscalização maior...
Isso daí não é problema da prefeitura. Quando aconteceu aquela tragédia em São Paulo (o acidente com o voo 3054, da TAM, em Congonhas, deixou 199 mortos em 2007) ninguém falou em fechar Congonhas. Não vi uma linha sobre fechar Congonhas.
Temporais também são outra preocupação de moradores de BH. O que o senhor pode falar aos habitantes de Venda Nova sobre as obras para chuvas, recordando que um dos projetos foi mal elaborado, como o senhor já admitiu?
O projeto já foi aprovado. É um projeto que já existe tanto no Rio quanto em São Paulo. Para adiantarmos esta burocracia que impede... Para agilizar, trouxemos o TCE (Tribunal de Contas do Estado), trouxemos o Ministério Público, trouxemos o Tribunal de Justiça para, junto com a gente, fazermos um sistema mais ágil possível. Agora, são coisas que acontecem. Graças a Deus alguém está fazendo alguma coisa. Fica parecendo que a avenida Vilarinho tem três anos que ela inunda e não há 40 anos. (Também fica parecendo) que a avenida Bernardo Vasconcelos inunda há três anos e não há 40. Graças a Deus tem alguém que está pensando assim: ó, nós vamos gastar R$ 1 bilhão protegendo vidas de pessoas e não (em obras) para os outros verem. Então é isso que está acontecendo na administração. Nós temos o dinheiro assegurado. Vamos ter compromisso com ele. O projeto estava errado: o preço do projeto ficaria quadruplicado (se fosse executado da forma errada) porque existiria lá uma grande bacia de contenção. Agora, estamos copiando um projeto que é igual ao do Rio e de São Paulo.Vamos fazer uma RDC, que é uma modalidade de concorrência, acompanhada por todos estes órgãos (TCE, TJ, MP) para obter agilidade, para evitar ações na Justiça. Mas não queremos – e dissemos isso a eles – carta branca. Queremos acompanhamento de visão de responsabilidade legal. Porque a obra nós sabemos fazer e vamos fazer.
Estamos chegando ao fim do ano, quando empresas de ônibus pressionam a prefeitura por aumento nas tarifas. Entretanto, contrário ao que diz a lei, muitos coletivos rodam sem a presença do cobrador. Diante disso, o senhor irá autorizar o reajuste das passagens ou fará como no primeiro ano de seu governo: proibir o aumento?
O assunto está sendo tratado pela Procuradoria Geral do Município. Não podemos fazer nada de cabeçada. Se fosse para tomar decisão (antes do fim do ano), já teria tomado. Não vou fazer nada de cabeçada. Estou me escorando juridicamente para tomar uma atitude, se tiver que tomar. Estamos atentos, estamos olhando... Já temos muitos problemas hoje para resolver. Deixa este (problema) de dezembro para dezembro, porque assim não vamos resolver o de hoje. Vamos resolver o de hoje. O dezembro vai aparecer... Vai cair no meu colo o de dezembro. E caiu no meu colo, de um jeito ou de outro vai ser resolvido.
O senhor acha que poderá repetir a frase “calma, gente; BH tem prefeito”, que o senhor postou numa rede social, em dezembro de 2017, quando as empresas divulgaram o percentual do reajuste (10,5%) da tarifa que estavam pedindo ao município?
Acho que hoje não preciso de falar isso mais não. Belo Horizonte tem prefeito e a população já sabe. Se ele é bom ou ele é ruim é outra coisa. Mas que Belo Horizonte tem prefeito, tem.
Sobre a verba do metrô, teremos novidades para a ampliação da malha em BH?
A concessão (da Estrada de Ferro Vitória-Minas) da Vale será renovada por 30 anos (a mineradora tem direito de usá-la por mais 10 anos e renová-la por mais três décadas, mas o governo federal está disposto a antecipar a renovação, desde que a Vale invista em infraestrutura na construção da ferrovia Água Boa (MT)-Campinorte (GO) para o escoamento de grãos). Eles vão “comprar” esta concessão, me parece, por aproximadamente R$ 30 bilhões. Este dinheiro iria todo para o Mato Grosso do Sul. A bancada mineira (no Congresso Nacional) se reuniu, me convidou, convidou o prefeito de Contagem (Alex de Freitas) também para irmos a Brasília. Sentamos com o ministro Tarcísio (Gomes de Freitas, da Infraestrutura) e exigimos do ministro – porque parte desta malha é Minas Gerais – que R$ 6 bilhões viessem para Minas Gerais. Quem foi lá: eu pedi aos deputados para me ajudarem a trazer, destes R$ 6 bilhões, R$ 1,1 bilhão. Esta é a história de verdade. Foi o que aconteceu, porque eu estava presente.
O senhor acredita que a ampliação irá sair do papel?
Se derem a concessão para a Vale, vai sair, porque não é dinheiro federal. É por isso que eu acredito, porque o dinheiro não é federal: o dinheiro é da Vale para pegar concessão de ferrovia. Aí eu acredito.
Há condições de manter os projetos antigos das linhas 2 e 3 ou tem de refazer os projetos?
São pequenos ajustes. Até na época eu defendi que nem fosse preciso licitar, que a Vale deveria refazer o projeto, refazer o trilho e colocar, ela mesmo, para evitar a burocracia que estamos tentando evitar na avenida Vilarinho (em relação a obras contra inundações). Ela mesmo entregar o metrô para a CBTU.
Prefeito, a última pergunta: o Atlético irá se salvar da segunda divisão?
O Atlético já está salvo.
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