Nobel da Paz e símbolo da luta contra o apartheid, Mandela não sai de cena

Hoje em Dia
07/12/2013 às 07:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:38

O mundo assistirá nos próximos dias a um dos maiores funerais da história – o de Nelson Mandela, que morreu quinta-feira, aos 95 anos. Ele liderou a luta dos negros contra o apartheid na África do Sul, que foi imposto em 1948 pela minoria branca e só terminou em 1994, quando se elegeu presidente. Um ano antes, compartilhou o Prêmio Nobel da Paz com Frederick de Klerk, o presidente que pôs fim à segregação racial.    Muitos livros foram escritos sobre Mandela, um homem que soube ganhar o respeito dos antigos adversários e do mundo inteiro. Um deles, “Conquistando o inimigo”, de John Carlin, foi adaptado para o cinema com o título “Invictus”, filme produzido e dirigido pelo vencedor do Oscar Clint Eastwood e protagonizado por Morgan Freeman. Por qualquer meio que seja narrada, a vida de Mandela, que ao morrer ingressou definitivamente para a História, interessa a todos nós.    Mandela compartilhava com Martin Luther King Jr. de um sonho, o de que as pessoas sejam julgadas não pela cor da pele, mas pelo seu caráter. Um sonho que parecia impossível ao longo dos 27 anos de encarceramento. Ele havia sido condenado à prisão perpétua por sua luta contra o apartheid, mas acabou sendo solto em 1990, numa tentativa de apaziguamento do país.   No poder, ele compreendeu que o sonho só se realizaria quando brancos e negros formassem realmente uma nação. Sem quaisquer ranços entre vencidos e vencedores, advindos de anos de luta sangrenta contra a segregação racial. 
  Desse sonho, Mandela jamais acordará. Os que não morreram devem cuidar para que o sonho continue vivo na África do Sul, onde ainda é grave a desigualdade social. E também no Brasil.   A importância de Mandela é reconhecida por políticos de todas as correntes ideológicas, no Brasil e no mundo. Além das manifestações de pesar, governantes de dezenas de nações devem viajar para assistir aos funerais. O enterro está marcado para o dia 15 no vilarejo de Ounu, onde Mandela nasceu. A presidente Dilma Rousseff já confirmou sua presença. Em nota oficial, ela destacou que Mandela conduziu com paixão e inteligência um dos mais importantes momentos da história contemporânea.   Vem de longe esse reconhecimento brasileiro a Mandela. Em 1991, ele visitou pela primeira vez o Brasil e foi condecorado com a Grã Cruz da Ordem do Rio Branco, a mais alta honraria concedida pelo governo. Em 1998, retornou para retribuir a primeira visita de um presidente brasileiro à África do Sul. O presidente era Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Dez anos depois, o presidente Lula, do PT, foi a Moçambique e visitou Mandela.    Enquanto PSDB e PT se digladiam continuamente para conquistar ou manter-se no poder, seus líderes se unem nas homenagens a Mandela. É uma demonstração de que existem pontos de convergência na política.

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