Nostálgicas e saborosas, jabuticabas são a riqueza de Sabará

Eduardo Avelar - Hoje em Dia
18/10/2015 às 12:14.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:06
 (Geilson Dantas/Divulgação)

(Geilson Dantas/Divulgação)

Nativa da Mata Atlântica e conhecida há mais 400 anos, a jabuticabeira se espalhou espontaneamente por vários países sul-americanos e por diversas regiões do Brasil, sendo referência em Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. A árvore, de porte médio, pode chegar a até nove metros de altura, dependendo da sua espécie.

Ao todo, são 15 variedades do fruto rico em minerais como cálcio, ferro e fósforo, além de vitaminas C e do complexo B. Entre as mais consumidas estão a jabuticabeira Híbrida, que produz, fartamente, frutos saborosos diversas vezes ao ano.

Indicada para vasos ornamentais, já de maior porte e de grande produção, temos a jabuticabeira Paulista, com fruto grande e coriáceo, porém, de maturação tardia em relação às outras espécies. A jabuticabeira Rajada assemelha-se com as anteriores em crescimento e produção. Seus frutos são grandes, saborosos e doces. A pele apresenta cor verde bronzeada e tem maturação mediana.

Também de grande porte, a jabuticabeira Ponhema produz de forma extraordinária. De fruto grande e de pele que se assemelha a um couro, ela deve ser consumida bem madura. Entre as mais famosas, mais consumidas e mais doces está a jabuticabeira Sabará, de crescimento médio e que promove o turismo gastronômico do município mineiro.



Sabaraenses enfrentam falta do fruto

A cidade histórica de Sabará, repleta de construções do século XVIII e localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, recebe, durante os meses de outubro, novembro e dezembro a chegada das jabuticabas, atração turística que está nos quintais dos casarões e sítios locais. Nesse período, os turistas vão à cidade atrás da preciosa jabuticaba e dos seus derivados produzidos pelos integrantes da Associação dos Produtores de Derivados de Jabuticaba de Sabará (Aprodejas) e pelo projeto Jabuticaba Gourmet, apresentado durante o Festival da Jabuticaba. Porém, devido à falta de chuva e o clima seco dos últimos meses, o tradicional evento enfrenta problemas.

O impasse ultrapassa os limites do festival e chega até ao quintal de Maria Lúcia Sabadini, de 63 anos. Ela, assim como muitos outros, aluga espaço em sua casa para o cultivo da jabuticaba. O tempo instável faz com que as jabuticabas não nasçam e, quando ocorre, fiquem pequenas. “As flores caíram, então para este ano, não vou poder alugar o meu pé”, lamenta.

Para Eduardo Torres Leles, 51, a situação não é muito diferente do que acontece com Sabadini. “A falta das águas modificou o processo de crescimento do fruto. Então, estamos juntando as jabuticabas que temos para o festival. Antigamente, nas duas primeiras semanas de novembro já tínhamos jabuticabas, agora é incerto”, relembra. A secretaria de Turismo de Sabará ainda não definiu uma data para o Festival, pois aguarda que chova nos próximos 40 dias.


Dando valor ao fruto símbolo de um povo e de uma cidade

Para fomentar a valorização do fruto, o projeto Jabuticaba Gourmet, da Agência de Desenvolvimento de Sabará (ADESS), coloca no mercado um produto de alta qualidade. Para a coordenadora de comunicação e marketing do projeto, Milsane de Paula, o Jabuticaba Gourmet nasceu da necessidade de mostrar ao mercado um produto rico e de qualidade, nascido nos quintais e nas cozinhas de lenha das famílias sabarenses.

“Ele uniu as duas pontas, oferecendo os produtos aos chefs de cozinha, que além de perceberem todo o seu potencial enquanto ingredientes se transformaram numa espécie de garotos-propaganda dos derivados da Jabuticaba de Sabará, incluindo-os em criações de pratos especialíssimos servidos nas casas mais conceituadas de BH”, explica a coordenadora Paula. Ela ainda acrescenta que chefs foram além e deram um novo olhar ao pequeno fruto. “O Agosto Butiquim, por exemplo, ganhou, com o Drink Tropicália, o primeiro lugar no Festival Cachaça Gourmet 2014, usando a compota de Jabuticaba da marca Quitanda no preparo da bebida”.
De acordo com Paula, os frutos produzidos na região só chegarão tão longe, graças a apoio de chefs e produtores.


Costeletas de comer rezando

Costeletas suínas flambadas na cachaça aromatizada de jabuticaba, ao molho de jabuticaba, servida com mandioca salteada na manteiga de garrafa

Ingredientes

1kg Costeletas suínas magras
600g de Mandioca amarela
2 cálices de cachaça
1 ½ litro de água
70 ml de manteiga de garrafa
1 cebola cortada em juliana
5 dentes de alho
2 colheres de sopa de azeite
150 g de compota de jabuticaba
A gosto
Sal e Cheiro verde a gosto

Modo de Preparo

COSTELETAS E MOLHO
1. Corte as costeletas em 5 pedaços e tempere-as com sal, numa panela funda, junte o azeite e espere até que ele esteja bem quente e refogue-as
2. Acrescente o alho e a cebola, deixe fritar um instante e despeje 300ml de água e aguarde o cozimento até secar toda a água, despeje a cachaça para flambar as costeletas
3. Reserve as costeletas
4. Na mesma panela, depois de retirado o excesso de gordura, refogue a compota, acrescente 150ml de água e uma pitada de sal e deixe reduzir até a consistência de creme

“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço” - Rubem AlveS

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