Nostálgico horizonte da capital de Minas Gerais

Do Hoje em Dia
12/12/2012 às 06:16.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:24

Em 1990, pouco antes de completar 93 anos de existência, a ainda jovem capital mineira foi considerada como a melhor metrópole brasileira para se viver. Essa classificação foi feita, depois de dois anos de pesquisa entre as cem maiores cidades do mundo, pela Population Crisis Commitee, com sede em Washington, que estudava a crise provocada pelo crescimento da população mundial. Para classificar as cidades, levava em conta, entre outros itens, a violência urbana, a rede escolar, as condições sanitárias e de saúde, o tráfego, o sistema de comunicação, o clima e a poluição.

Eduardo Azeredo, que era o prefeito, comemorou o título, pois havia muitos motivos para isso. Registrava-se na cidade um homicídio por dia, contra mais de 15 em São Paulo, a mais desenvolvida metrópole brasileira. No centro de Belo Horizonte, a medição da qualidade do ar era tranquilizadora: apenas 53 miligramas por metro cúbico de material particulado. As obras do metrô seriam reiniciadas com verbas liberadas pelo presidente Collor, com previsão de gastos de US$ 200 milhões até sua conclusão. A cidade orgulhava-se por sediar uma das melhores universidades brasileiras, a UFMG, com 17 mil alunos em 39 cursos de graduação e 2,3 mil fazendo pós-graduação. Na Serra do Curral, 3.450 hectares haviam sido tombados, garantindo a preservação de importante área verde.

Em suma, BH transpirava otimismo. Mas, nos 22 anos seguintes, a cidade foi perdendo qualidade de vida. Em agosto de 1996 – portanto, seis anos depois de ser tão bem classificada –, foi aprovada a Lei 7.165/96, estabelecendo o Plano Diretor do Município e, em seu bojo, a legislação sobre parcelamento, ocupação e uso do solo, em que era dedicada especial atenção às zonas de preservação ambiental.

A partir daí, prefeitos e vereadores se dedicaram com obstinação a mudar a legislação, mudando também a face da cidade e a qualidade de vida dos moradores. Finalmente, em julho de 2010, o prefeito Marcio Lacerda apresentou o novo Plano Diretor. Era mesmo necessário, porque do primeiro pouco sobrara. Os moradores do bairro Santo Antônio, que têm escrito a este jornal reclamando do barulho que vem dos novos barzinhos e que não os deixa dormir, têm razão. Mas os fiscais pouco podem fazer. As casas têm alvarás de funcionamento. Dane-se a qualidade de vida.

Apesar disso, temos razões – e são muitas – para gostar de Belo Horizonte e comemorar hoje seu aniversário de 115 anos.

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