Mesmo com a adoção de cotas para estudantes de escolas públicas nas universidades federais, os cursos tradicionalmente mais concorridos continuam promovendo uma peneira. A diferença das notas de corte do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) dos cotistas e não cotistas em Medicina, Engenharia Civil e Direito era de 5,14%, na média. Em geral, a diferença não acompanha, por exemplo, a distância de desempenho entre escolas privadas e públicas no Enem, que é de 17%.
As notas de cortes do último dia de inscrição do Sisu mostram que para garantir uma vaga como cotista é necessário ter uma nota no Enem bem próxima à da concorrência geral. Nos três cursos analisados, a diferença média é de 36 pontos entre os dois grupos. Os dados foram extraídos do portal do Sisu pelo Estadão Dados.
A Lei de Cotas exige que, neste ano, 12,5% dos ingressantes de cada curso sejam de escola pública, com critérios de renda e cor de pele. Em quatro anos, esse porcentual deve chegar a 50%.
Os cursos concorridos tendem a atrair alunos de escolas federais e técnicas de melhor qualidade que as redes públicas normais. Na Universidade Federal Fluminense (UFF), por exemplo, um grupo de vagas é reservado a alunos de escolas públicas que não sejam de federais, militares ou de aplicação. A nota de corte desse grupo é mais baixa que a da concorrência ampla e de outras opções de cotas.
Outra explicação para a diferença de notas de corte não acompanhar, em geral, a diferença de desempenho no Enem entre a rede privada e pública é o número pequeno de vagas reservadas. Em Medicina na Universidade Federal de Viçosa, por exemplo, enquanto 32 vagas estão abertas para concorrência ampla, apenas 8 são reservadas para cotistas. Dessas, só 1 pode ser ocupada por quem estudou em escola pública, independentemente de renda e cor de pele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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