Nove prefeitos eleitos nas capitais têm R$ 8,5 milhões em dívidas a pagar

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
01/11/2016 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:28
 (MAÍRA COELHO/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO)

(MAÍRA COELHO/AGÊNCIA O DIA/ESTADÃO CONTEÚDO)

Terminadas as eleições, os candidatos vitoriosos precisam correr para quitar as dívidas que ficaram. Em nove das 18 capitais onde houve segundo turno, os vencedores gastaram mais do que arrecadaram.

Somado, o débito dos novos prefeitos é de R$ 8,56 milhões e deve ser quitado até o próximo dia 19 de novembro, conforme as regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

O prefeito eleito em Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), é um dos que compõe a lista dos devedores (veja tabela abaixo). Passadas as comemorações pela vitória, Kalil (PHS) terá que se preocupar com um montante de R$ 323,3 mil em dívidas de campanha. 

Caixa

O ex-dirigente do Atlético gastou em torno de R$ 3,55 milhões dos quais conseguiu pagar de R$ 3,23 milhões. O candidato tirou do próprio bolso R$ 2,2 milhões para investir na disputa contra João Leite (PSDB). 

Alexandre Kalil não comentou sobre as dívidas, no entanto, o deputado estadual Iran Barbosa (PMDB), um dos principais apoiadores do novo prefeito, disse que o pagamento dos R$ 323 mil não será um problema.

“É pouco dinheiro se compararmos às campanhas do passado de PT e PSDB. Não teremos o menor problema em quitar as dívidas”, afirmou.

Maiores

Em outras capitais, há eleitos com dívidas na casa dos milhões, como a de Artur Neto (PSDB), que tem R$ 3,49 milhões a pagar da campanha feita em Manaus; Geraldo Júlio (PSB), do Recife, precisa quitar R$ 1,728 milhão; Emanuel Pinheiro (PSD), de Cuiabá, R$ 1,205 milhão; e Marcelo Crivella, do Rio de Janeiro, deve acertar R$ 1,030 milhão. 

Para o especialista em marketing eleitoral, Felipe Leite, o alto índice de endividamento se explica em primeira instância pela proibição do investimento empresarial. Ele lembra que, por mais que os candidatos tenham se esforçado para economizar, existem gastos praticamente obrigatórios em campanhas. 

Agora no vermelho, de acordo com o especialista, há três caminhos a seguir. Um deles é a busca de recursos junto aos partidos. Nesse caso, as legendas podem usar o que sobrou de outros candidatos que, por definição legal, vai para os partidos.

O outro é a realização de uma campanha junto ao eleitorado em busca de doações, como Fernando Haddad fez após a derrota no primeiro turno em São Paulo. E a terceira, o calote. “É tão comum o não pagamento de fornecedores em campanhas eleitorais que muitos só aceitam pagamento antecipado”, diz. 

Prazos

Segundo o chefe da área de auditoria e fiscalização de contas eleitorais do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG), Vinícius Figueiredo, as dívidas de primeiro turno devem ser pagas até hoje e as de segundo turno até dia 19.

Até lá, os candidatos podem se movimentar publicamente em busca de doações, desde que deixem de fora as empresas.

Aqueles candidatos que não pagarem as contas dentro do prazo, conforme Figueiredo, ficam com as contas irregulares, mas não sofrem nenhuma sanção. A não ser que o fornecedor recorra na Justiça comum.

“O fornecedor recorre à Justiça e ele terá que pagar com juros como qualquer um”, afirma.

A exclusão do financiamento empresarial das campanhas visa reduzir a dependência entre políticos e a iniciativa privada, motivadora de muitos casos de corrupção recentemente descobertos como os da própria Operação “Lava Jato”. Editoria de Arte/Hoje em Dia / N/A

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