(Lucas Prates/ Hoje em Dia)
MARIANA – Quase um ano após o rompimento da barragem de Fundão, tragédia que devastou vilarejos e matou 19 pessoas, a Samarco irá apresentar o primeiro modelo de como deve ficar o novo distrito de Bento Rodrigues. A previsão é a de que a disposição das moradias e aparelhos públicos no novo terreno deverá ser conhecida nas próximas três semanas.
Conforme explicaram Álvaro Pereira, engenheiro metalúrgico e líder de programas da Fundação Renova, e Ana Carolina Gonçalves, analista social que também integra a equipe que tem como missão conduzir os programas de reparação, restauração e reconstrução das regiões impactadas, o projeto foi desenvolvido após a definição do terreno e a partir de conversas com as 236 famílias afetadas. Assim, ficou definida uma área de 375 hectares que está localizada a nove quilômetros do antigo Bento e a oito quilômetros do centro de Mariana.
Com o objetivo de manter uma estrutura parecida com a qual existia antes do desastre, os moradores informaram o que gostariam que permanecesse ou adicionar na nova organização do distrito. A partir dessas conversas, ficou definido que seriam preservadas a vizinhança original e a proximidade entre escola, campo de futebol e posto de saúde. Será construído um cruzeiro ligando duas igrejas católicas e, assim, manter a tradição.
Após aprovação por parte dos moradores, o próximo passo será um projeto de engenharia, que será executado por uma empresa contratada pela Samarco, mas que necessita de aprovação dos orgãos ambientais. O líder da Fundação Renova explicou ainda que as construções vão seguir a legislação de Mariana não apenas em relação à largura de ruas e calçadas, mas também quanto ao tamanho do terreno. “A metragem mínima é de 250 m², mesmo para os que tinham áreas menores do que isso”, explica.
Demais afetados
Durante visita da imprensa ontem, à convite da Samarco, também foi citada a situação dos demais locais afetados pela tragédia. Até o momento, a nova área de Paracatu de Baixo está em fase de sondagens e escolha do terreno que irá abrigar as 108 famílias.
Questionado sobre a possibilidade de resistência de moradores para deixar o antigo local, Álvaro Pereira explicou que tudo será feito com conversa. “Não há como forçar ninguém a sair. Um programa de indenização será debatido caso a caso para resolver qualquer impasse”.
A previsão é de que as obras em Paracatu sejam finalizadas também em março de 2019. Já em Gerteira, local que teve oito famílias afetadas e, por tanto, demandará onze novos terrenos, a nova localidade ainda não foi definida, mas a previsão é de que no final de 2018 já esteja tudo pronto.
Flávio Tavares/ Hoje em Dia
RUÍNAS - Bento Rodrigues foi completamente destruído pela lama de rejeitos
Engenheiro civil e coordenador de construção da Samarco, Eduardo Moreira explicou que algumas das obras de construção de barragens e diques para estabilização da área onde houve o rompimento estão em andamento e outras já foram concluídas. O objetivo é evitar que as chuvas causem problemas.
“Treze milhões de m³ ficaram retidos, e esse material é de fácil carreamento. O período chuvoso será o teste para ver se as intervenções feitas darão os resultados esperados e assegurar que apenas água corra até o rio Gualaxo”.
Entre as intervenções está a construção do dique s4, que deve ser concluído até janeiro de 2017. A estrutura irá integrar o sistema emergencial de retenção de sedimentos, composto ainda pelos diques S1, S2 e S3, que já foram finalizados, além das barragens Eixo 1 de Fundão e Nova Santarém.
Para isso, será alargada parte da área já impactada em Bento Rodrigues e o muro de pedras existente no distrito será preservado por uma cobertura. As partes das ruínas da Capela São Bento, das casas e do cemitério não serão alagadas.