(ABDULMONAM EASSA / AFP)
Pelo menos 18 pessoas, incluindo duas crianças, morreram nesta segunda-feira, (27), em novos bombardeios do regime sírio na Guta Oriental, uma região rebelde perto de Damasco onde um acordo de desescalada está em vigor, informou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Sitiada desde 2013 pelo regime de Bashar al-Assad, a Guta Oriental é uma das quatro zonas de "desescalada" criadas este ano em certas regiões do país, a fim de estabelecer uma trégua duradoura.
Apesar disso, o regime intensificou este mês seus ataques aéreos nesta região, onde cerca de 400 mil pessoas já enfrentam uma grave escassez de alimentos e remédios.
Nesta segunda, ataques aéreos e tiros de artilharia do regime em várias localidades mataram pelo menos 18 civis, de acordo com o OSDH, após a morte de pelo menos 23 pessoas no dia anterior.
De acordo com a ONG, que dispõe de uma extensa rede de correspondentes no país, pelo menos 45 pessoas ficaram feridas.
Em uma clínica improvisada, localizada na cidade de Duma, médicos tentavam ajudar os feridos, de acordo com um jornalista que colabora com a AFP.
Nas imagens de vídeo que mostram cenas de medo, é possível ouvir as lamentações de uma mãe misturada aos gemidos de um homem balançando de um lado para outro em uma cama de hospital.
Em outro lugar, corpos sem vida foram cobertos com um pano azul claro, com tiras de pano branco nos tornozelos, pulsos ou cabeça.
Os bombardeios contra Guta nas últimas duas semanas deixaram mais de 100 mortos, de acordo com o OSDH.
A intensificação dos bombardeios de Bashar al-Assad na região acontece após uma ofensiva lançada em meados de novembro por rebeldes contra uma base militar na zona.
Em retaliação aos ataques do regime, os rebeldes dispararam recentemente morteiros e foguetes contra Damasco, matando várias pessoas.
A ONU alertou sobre a situação humanitária em Guta, descrita como "epicentro do sofrimento" na Síria por um funcionário do organismo.
Novas conversações de paz estão programadas para começar na terça-feira, (28), em Genebra sob os auspícios das Nações Unidas.
Provocada em 2011 pela repressão do governo a protestos pró-democracia pacíficos, o conflito na Síria tornou-se mais complexo ao longo dos anos com o envolvimento de países estrangeiros e grupos jihadistas. Já causou mais de 340 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados.
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