(Flávio Tavares)
Principal cruzamento da capital, o encontro entre as avenidas Afonso Pena e Amazonas, na Praça 7, é palco diário de uma manobra capaz de provocar acidentes e colocar em risco a vida dos pedestres. Mesmo banida desde agosto de 2015, a conversão à direita na interseção é praticada sem a menor cerimônia por motoristas imprudentes.
Alheios à fiscalização, os condutores contribuem para uma estatística preocupante. As infrações por virar à direita ou à esquerda em local proibido cresceram 43% neste ano. A maioria dos flagrantes ocorre no trecho do hipercentro, onde 90 mil veículos circulam a cada 24 horas.
De janeiro a setembro, 9.809 autuações foram aplicadas na cidade. No mesmo período de 2017 foram 6.859, conforme o Detran. O desrespeito é falta grave. O motorista perde cinco pontos na carteira e precisa pagar R$ 195,30.
Concentração
Mais de 90% das multas por essas irregularidades, anotadas pela Guarda Municipal, são registradas no cruzamento da Praça 7. O trecho também é monitorado pela BHTrans e Polícia Militar. A presença dos agentes, porém, não tem sido suficiente para frear os abusos.
Na última semana, em apenas dez minutos, o Hoje em Dia flagrou quatro carros cometendo a falha. “Ocorre toda hora”, informou um fiscal de trânsito. “O mais comum é quando os automóveis que se deslocam no sentido Mangabeiras viram na Amazonas”, acrescenta o servidor.
Mesmo com duas placas indicando a proibição – uma na lateral da via e outra centralizada, acima do semáforo – há quem cobre mais sinalização no local, como o taxista Evandro Seabra, de 36 anos. Há três décadas, ele trabalha em um ponto da região. “Acredito que sejam turistas ou mesmo moradores que não conhecem o centro”, diz.
A arriscada manobra também é comum na região hospitalar. Um dos trechos com abusos frequentes é o cruzamento das avenidas Francisco Sales e Alfredo Balena, na Praça Hugo Werneck. Lá, foram flagrados 16 veículos em 30 minutos.
O mais frágil
Especialistas apontam a imprudência ao volante como uma das principais causas para o salto nas multas. O desconhecimento das vias também é citado. Seja qual for o motivo, o mais prejudicado é quem está a pé.
“O pedestre está vulnerável à desatenção dos motoristas, que podem causar acidentes com danos irreversíveis”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Dirceu Alves.
Assessor de comunicação do Batalhão de Trânsito da PM, o tenente Marco Antônio Said reforça que as pessoas não estão esperando pela manobra, o que aumenta o perigo. “Quando o condutor converge em local desautorizado, pode atropelar alguém”.
Já Agmar Bento, professor do Departamento de Engenharia de Transportes do Cefet-MG, diz que, além do esforço do motorista em cumprir a lei, é preciso intensificar ações educativas e o modo de fiscalização. “Temos que avançar no sistema de multas, com monitoramento por câmeras”.
Mauricio VieiraAbusos também são constantes na região hospitalar