Está prevista para hoje a inauguração oficial do primeiro aeroporto industrial do Brasil, em Confins. Para que ele comece a operar, é necessário ainda selecionar as empresas que instalarão unidades numa área de aproximadamente 50 mil metros quadrados do Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Uma expectativa otimista é que elas comecem a exportar já em agosto próximo. Se esse prazo apertado for cumprido, será uma indicação de que alguma coisa mudou para melhor neste país. Desde o surgimento da ideia do aeroporto industrial, no início do governo Itamar Franco, eleito pelo PMDB, mais de 15 anos se passaram. O governador mineiro fazia oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e em 2002 apoiou o candidato petista, Luiz Inácio Lula da Silva, contra o candidato apoiado pelo presidente da República. Aécio Neves, do PSDB, se tornou governador no ano seguinte e não demorou a adotar a ideia do aeroporto industrial, mas enfrentou resistências no governo federal. A luta política começou a ser vencida em março de 2005, quando o governo atendeu à reivindicação do governador para restringir os voos comerciais no Aeroporto da Pampulha, dando início à revitalização de Confins, um aeroporto inaugurado em 1983 e que permaneceu subutilizado por mais de 20 anos. Na mesma época, o governo mineiro cuidou da duplicação da estrada que liga o centro da capital ao aeroporto – a Linha Verde. Em outubro de 2009 foi anunciada para breve a publicação, pela Infraero, do primeiro edital de licitação de nove lotes do aeroporto industrial. A primeira tentativa fracassou e também a segunda. Agora, depois da privatização do aeroporto para o consórcio Aerobrasil, já existem 20 empresas interessadas em instalar fábricas no local. O governo de Minas investiu R$ 17 milhões para a concretização desse projeto. Cabe agora à iniciativa privada fazer a sua parte para que o Estado tenha um novo polo de desenvolvimento, com empresas de alta tecnologia instaladas dentro do próprio aeroporto. A concretização desse projeto é, sem dúvida, uma vitória do governo mineiro. Mas não se deve esquecer que ele é parte de um plano mais ambicioso, no qual se inclui a construção da Cidade Administrativa às margens da Linha Verde e do rodoanel, além da ampliação do próprio aeroporto, para que no futuro ele tenha capacidade para transportar 40 milhões de passageiros por ano. E o aeroporto industrial não se limitaria àquela área inicial de 50 mil metros quadrados. Poderia ocupar no futuro área contígua 16 vezes maior. Esse plano foi tornado público pelo governo de Minas quando já se aproximava o final do segundo mandato de Aécio Neves, que teve participação importante na eleição de seu sucessor, Antonio Anastasia. Não foi esquecido, como não foi a parte que agora se inaugura.