O cinto da usiminas continua apertado

21/09/2016 às 20:57.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:55

Ontem, consegui de uma fonte ligada à Nippon Steel a confirmação do que havia escrito nesta coluna no dia 12 deste mês: que o acordo da dívida firmado pela Usiminas com os bancos credores não é o remédio para todos os males financeiros da empresa, e que este e o próximo ano serão de grandes dificuldades.

Naquela coluna, escrita por ocasião da assinatura do acordo de reestruturação da dívida da siderúrgica com os bancos credores brasileiros e japoneses, apresentei algumas contas. A principal delas mostra que a Usiminas precisará gerar um caixa mínimo de R$ 1,5 bilhão ao ano para pagar os juros da dívida e manter a máquina rodando.

Será exigido cerca de R$ 1,110 bilhão em pagamento de juros ao ano (relativos ao juro real de 3,5% mais CDI, conforme previsto nos novos contratos), que somado a um mínimo de R$ 300 milhões de investimentos em manutenção (só o essencial) e mais um troco de R$ 100 milhões para colchão, perfazem o R$ 1,5 bilhão ao qual cheguei.

A disposição para continuar brigando na Justiça é evidente por parte da Nippon

Lembro hoje, o que não fiz na coluna anterior, que a empresa tem uma folga de R$ 1 bilhão em reserva de caixa, que foi colocado pelos sócios em operação recente de aumento de capital. Mas esta reserva será rapidamente queimada se os resultados não apresentarem uma melhora substancial no curto e médio prazos, já que a Usiminas, em todo o primeiro semestre, obteve uma geração de caixa de apenas R$ 119 milhões. Posto o problema (ou desafio, como gostam os executivos), vamos à avaliação da fonte da Nippon Steel (o conglomerado japonês que divide o controle da Usiminas com o grupo ítalo-argentino Ternium/Techint).

Verdade
Segundo a fonte, que se disse pouco confortável para comentar resultados financeiros da Usiminas e impossibilitada de fazer projeções, não é verdade que o acordo da dívida coloca a siderúrgica numa posição tranquila. A reestruturação da dívida foi de grande importância, mas não é garantia de retorno à lucratividade. Mas sinaliza, ao menos, a possibilidade de reversão da grave crise na qual a empresa mergulhou nos últimos anos. A continuidade dos ajustes internos e esforços comerciais seriam fundamentais nesse processo de recuperação financeira.

Logicamente, a continuidade a que ele se refere é a do trabalho empreendido pelo ex-presidente Romel Erwin de Souza, colocado no cargo pelos japoneses e retirado pelos italianos nos últimos rounds da briga entre os sócios pelo controle da empresa. Como a fonte fez questão de frisar, foi Romel quem planejou e colocou em marcha o acordo da dívida com os bancos credores e o rearranjo da base produtiva (desligamento de altos-fornos e cortes de pessoal, entre outros) que o atual presidente, Sérgio Leite, indicado pela Ternium, dá continuidade.

A disposição para continuar brigando na Justiça pela destituição de Sérgio Leite é evidente por parte da Nippon. Também para o diálogo em busca de uma saída conciliatória, mas sem tanta ênfase. Quanto a um divórcio e divisão dos ativos entre os sócios, essa continua sendo uma possibilidade discutida, mas não negociada. Mas, se concretizada, os japoneses não abririam mão da usina de Ipatinga, afirma a fonte.

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