O gênio de Oscar Niemeyer o manterá vivo por muito tempo

Do Hoje em Dia
07/12/2012 às 06:15.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:09

Oscar Niemeyer morreu aos 104 anos de idade, mas continuará vivo por longo tempo. Muito já se escreveu sobre esse carioca de Laranjeiras que se tornou cidadão do mundo, e muito se escreverá. Se o brasileiro tem uma forte razão para superar seu “complexo de vira-latas”, observado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, ela se encontra em Niemeyer, o gênio que projetou para o mundo a arquitetura brasileira.

Ele deve servir de lição também para todos os que, no futuro, queiram dar neste país um golpe militar como o de 1964. Niemeyer é o exemplo maior da insensatez de tal empreitada. Ao impedir que ele continuasse trabalhando no país por causa de sua filiação ao Partido Comunista Brasileiro, acabou amplificando sua obra e a voz do inconformismo com a ditadura, mundo afora. O arquiteto se exilou na Europa, como já o fizera Juscelino Kubitschek em 1965. Montou um escritório em Paris, com autorização especial do presidente Charles De Gaulle, e projetou ali a sede do Partido Comunista Francês. Até voltar ao Brasil em 1980, quando agonizava a ditadura, fez diversas obras em vários países.

Ao contrário de tantos, Niemeyer se manteve fiel à sua crença de que era possível construir uma sociedade melhor por métodos diferentes dos adotados pelo capitalismo selvagem. Manteve-se fiel ao ideário que assumiu depois da derrota nazista, ao se filiar ao PCB em 1945, influenciado por Luís Carlos Prestes. Mas, como este, não hesitou em se desligar em 1990, ao discordar dos rumos que o partido tomava. Não abandonou, porém, o comunismo como opção política, e manteve a capacidade de dialogar com os que pensam de modo diferente.

No entanto, não titubeava em adotar atitudes em defesa de suas ideias. Desligou-se da Academia Americana de Artes e Ciências em protesto contra a guerra do Vietnã. Não se furtava a assinar manifestos em favor de causas que considerasse justas e que lhe eram levados por quem esperava desfrutar da merecida fama conquistada pelo gênio – como o definiu Darcy Ribeiro, com quem trabalhou na implantação da Universidade de Brasília e, no Rio, dos Centros Integrados de Educação Pública, no governo Brizola.

São muitas as obras. Mas, como dizia o sempre solidário Niemeyer, não são obras de um homem só. Com Le Corbusier, projetou a sede da ONU em Nova York, que lhe abriu as portas dos Estados Unidos, fechadas em 1945 ao se filiar ao PCB. Porém, nenhuma imortalizará Niemeyer como a Brasília dos candangos.

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