O governo patrocina o desmonte do BNDES

09/11/2016 às 15:56.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:35

A atualização dos números comprova o que disse numa coluna publicada em abril: o governo está colocando em marcha o desmonte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

 Na tabela acima está a evolução dos desembolsos do banco no acumulado de janeiro a setembro. Os R$ 16,141 bilhões desembolsados nos nove primeiros meses deste ano representam queda de 23,9% na comparação com o mesmo período do ano passado, e recuo de 48,7% contra 2013, ano que marca o pico dos financiamentos do BNDES.

 O que o banco ainda desembolsa são parcelas de contratos em andamento. Praticamente nada novo está sendo contratado desde a posse da nova diretoria indicada por Michel Temer. O objetivo é desviar o dinheiro dos fundos de desenvolvimento para tapar o rombo nas contas públicas.

 Ontem, a atual presidente do banco, Maria Sílvia Bastos, afirmou que pretende levar a cabo a devolução antecipada ao Tesouro Nacional de mais de R$ 100 bilhões dos aportes feitos pelo governo no passado. Sua justificativa para a devolução do dinheiro é claríssima: disse ela que o BNDES “está alinhado ao conjunto maior da política macroeconômica” e que a devolução do dinheiro é parte do esforço do governo de reduzir o déficit fiscal.

 “Não adianta (o BNDES) ter recursos se a macroeconomia não está funcionando. A prioridade é reduzir o estoque da dívida”, afirmou Sílvia Bastos, em evento sobre investimentos em infraestrutura organizado pelo jornal Valor Econômico.

 Com o desvio dos recursos do BNDES, o atual governo, que golpeou Dilma em função da contabilidade criativa e das pedaladas fiscais, mostra que utiliza-se do mesmo expediente: tira dinheiro de banco público para financiar o déficit.

 O problema é que o dinheiro do BNDES é uma alavanca importantíssima para a retomada do crescimento econômico e a consequente redução do déficit fiscal. Não sairemos do poço sem fundo no qual entramos enquanto os investimentos na base produtiva (a chamada Formação Bruta de Capital Fixo) continuarem nos atuais 14% do PIB, enquanto deveriam ser de no mínimo 20% do PIB, como em qualquer país decente do mundo.

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