(EUROPA/DIVULGAÇÃO)
Outra estreia de hoje (2) nos cinemas, o longa “O Outro Lado do Paraíso” mergulha na trajetória da família do escritor e empresário mineiro Luiz Fernando Emediato e de um importante momento político brasileiro: a construção de Brasília e o golpe militar de 1964.
Com direção de André Ristum, a produção viaja pela história épica de Antonio Trindade, pai de Emediato, que, entusiasmado com as propostas de reformas do presidente João Goulart, viaja com a família rumo à Brasília, ainda em construção, em busca de um paraíso na terra.
Rodado em 2013, o filme só está sendo lançado agora devido ao demorado trabalho de finalização e após a passagem por alguns festivais de cinema – de onde saiu com algumas premiações. A trilha sonora de Patrick De Jong foi laureada no Festival de Gramado e conta com a participação especial de Milton Nascimento.
Crise política
Quando idealizaram o filme, ninguém imaginava que o lançariam no “olho do furacão” político. É impossível, no entanto, não relacionar os acontecimentos de 1964 narrados na produção, como a divisão política da população, com a situação enfrentada hoje pelo país.
“As semelhanças são inequívocas, cada um dá o peso que quer. O filme pode ajudar nesta perspectiva, na reflexão sobre o que pode vir a acontecer com o Brasil”, afiança o diretor.
Nas salas por onde é exibido, a relação é natural. No terreno incauto das redes sociais também, mas nem sempre com associação positiva. “As pessoas leem golpe, e já pensam no Impeachment da Dilma. Aí atacam o filme sem ter visto. O livro (obra homônima na qual se baseia o longa) não é sobre ditadura militar e o golpe. É a história da minha família”, conta Emediato.
Para Ristum, o filme ganha uma importância maior nesses momentos de turbulência. “A Marieta Severo, que tinha visto o filme um ano antes, assistiu novamente ontem e disse que assisti-lo agora tem um outro impacto, o que é verdade”, revela.
De filho para pai
Quando decidiu escrever o livro, ainda nos período militar, Emediato quis homenagear seu pai após um período de distanciamento. À época, fez grande sucesso com o público infanto-juvenil. “O livro é exatamente o que aconteceu, com uma linguagem poética”, conta o autor, que, no início, relutou em aceitar a adaptação para cinema.
Emediato se emociona ao relembrar parte de sua trajetória, em especial a relação. “Quando eu vim pra Belo Horizonte, ele ficou em Sete Lagoas. Em 1978, eu fui pra São Paulo, envolvi com a carreira e esqueci da família. Fiquei dois anos sem visitar meus pais. O livro foi uma maneira de reconstruir essa relação”.