O perigo por trás da automedicação com antigripais

Júnia Ramos
horizontes@hojeemdia.com.br
31/07/2016 às 19:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:05
 (Cristiano Machado)

(Cristiano Machado)

Especialistas lançam um alerta para quem tem o hábito de usar antigripais sem prescrição médica. A prática pode trazer sérios riscos à saúde, e a atenção precisa ser redobrada nesta época do ano. No inverno, os casos de gripe e resfriado aumentam, crescendo também o consumo dos medicamentos sem orientação profissional. O coração é um dos órgãos afetados com o abuso dos remédios.

É o que afirma o diretor da Sociedade Mineira de Cardiologia (SMC), Evandro Guimarães Souza. Segundo ele, alguns antigripais têm na fórmula elementos que podem comprometer a saúde cardíaca. O uso indiscriminado propicia aumento da pressão arterial, com risco de derrames e infartos, e possíveis aparecimento ou agravamento de arritmias, inclusive as consideradas graves e que levam à morte.

Segundo o médico, o medicamento que causa prejuízos desse tipo à saúde é a fenilefrina, usado como descongestionante nasal. Idosos, crianças, hipertensos e pacientes com quadro de gastrite ou úlcera devem ter bastante cuidado na automedicação com essa substância. Nesses casos, ele recomenda paracetamol e anti-histamínicos. “É bom lembrar que uma dieta equilibrada e a ingestão de muito líquido podem, às vezes, substituir as medicações”, diz.

Em caso de resfriado, a recomendação é tomar muito liquido, alimentar bem e fazer repouso. Se necessário, pode tomar um anti-alérgico adequado. Já na incidência de gripe, o indicado é o uso de paracetamol e dipirona para combater os sintomas, mas sempre com orientação médica

Cristiano MachadoRISCOS – O coração pode apresentar complicações, afirma o médico Evandro Guimarãe

A secretária-executiva Marta Rosa Batista, de 53 anos, acredita que a automedicação não faz mal, desde que haja cautela. Alérgica, ela faz uso constantes de antigripais, sem procurar um médico, toda vez que a temperatura corporal muda. “Tenho sempre um analgésico no escritório, na bolsa e em casa. Já aconteceu de eu ter usado medicamentos com receita e os efeitos colaterais se manifestaram exageradamente”, conta. 

Já o cabeleireiro Vagner de Souza Ramos, de 38 anos, evita ao máximo ingerir antigripais. “Procuro em médico. Tomo muito líquido e espero os sintomas passarem”.

Não resolvem

Professora do departamento de pediatria da UFMG, a pneumologista Laura Belizario Lasmar afirma que o uso dos remédios contra a gripe por conta própria não resolve o problema, mas apenas alivia os sintomas. Os asmáticos devem ficar atentos. “Os antigripais podem iniciar uma crise”, ressalta.

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