O que dizem as pesquisas sobre o desemprego

Hoje em Dia
23/01/2014 às 06:41.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:32

O Brasil vai bem ou mal, dependendo da leitura que cada um faz das estatísticas divulgadas nesta semana. Começando pelo emprego: dados do Ministério do Trabalho revelam que foram criados no ano passado 1,11 milhão de empregos com carteira assinada. Parece bom, mas comparado com o ano anterior houve queda de 14,1%. Ou seja, empregos continuam sendo gerados, mas em ritmo menor.

O recorde foi registrado em 2010, com a criação de 2,54 milhões de empregos. Era o último dos oito anos de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República e seu governo se empenhava para a eleição de Dilma Rousseff. Foi também o ano em que o Produto Interno Bruto (PIB) mais cresceu neste século no Brasil – 7,5% .

Um percentual inalcançável neste ano, em que a presidente da República fará tudo ao seu alcance para se reeleger, mesmo que o PIB mundial cresça os 3,7% previstos pelo Fundo Monetário Internacional. Por sinal, na previsão divulgada na terça-feira, o FMI reduziu para 2,3% o crescimento do PIB brasileiro neste ano, apesar de admitir que a recuperação da economia mundial será boa para os chamados países emergentes. Na visão do FMI, 2015 será ainda pior para o Brasil, em termos de crescimento do PIB.

Mas é possível ter outro olhar sobre essa questão, como a citada pelo colunista Joe Nocera, da página de opinião do “The New York Times”. Após visitar o Brasil, ele publicou no começo desta semana artigo em que indaga: qual a vantagem do crescimento econômico, se não há empregos? Os Estados Unidos devem crescer neste ano 2,8%, segundo o FMI, mas o índice de desemprego continua alto.

A resposta do Brasil, afirma Nocera, é que o principal objetivo do crescimento econômico deve ser sempre a melhoria das condições de vida da população. O FMI, obviamente, se preocupa mais com as condições para que o mercado financeiro vença a crise mundial iniciada em 2008. O sistema financeiro está sarando lentamente, avalia o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, na medida em que os freios da recuperação estão sendo progressivamente afrouxados, mas, “na maioria das economias desenvolvidas, o desemprego se mantém muito alto”.

Blanchard ficará mais tranquilo em relação ao Brasil, ao tomar conhecimento da pesquisa da Serasa Experian divulgada também na terça-feira. Ela diz que a inadimplência do consumidor brasileiro fechou 2013 com queda de 2%. É o primeiro recuo desde que esse tipo de pesquisa começou, há 14 anos.a

As baixas taxas de desemprego ao longo do ano são apontadas pela Serasa como uma das causas da queda da inadimplência, ao lado do maior rigor por parte das instituições financeiras na concessão de crédito. E da preocupação dos devedores em pagar o empréstimo antes de fazer outro com juros ainda mais altos. É um aprendizado, e não só do consumidor.
 

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