O sedã está morto. Viva o sedã

13/04/2018 às 17:14.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:19

A matriz da Chevrolet resolveu, numa tacada só, restilizar toda a sua gama de sedãs nos Estados Unidos, do comportado Cruze ao muscle car Camaro – não apenas detalhes cosméticos, quase invisíveis, mas mudanças razoavelmente significativas. Até aí tudo bem, não fosse uma justificativa que não está no material oficial de divulgação, mas nas conversas de bastidores: a medida foi uma resposta ao crescimento dos SUVs e uma ofensiva para mostrar que os bons e velhos formatos de automóveis estão mais vivos do que nunca.

Concordo que, desde sua chegada ao mercado, a partir da década de 1990, os veículos utilitários esportivos (sim, essa é a sigla, para quem não se deu conta) ganharam um espaço e uma popularidade que nem as montadoras ousavam imaginar. Tanto mais que surgiram como modelos grandes, de luxo. E foram “encolhendo” assim que se confirmou que o conceito agradou. Hoje há modelos médios e compactos – e aí é sempre bom lembrar que a aposta tem um quê de verde e amarelo, já que o EcoSport surgiu da iniciativa da equipe brasileira da Ford e hoje está disponível inclusive nos EUA. E mesmo quando não estamos diante de um SUV de verdade, a tentativa de associação ao segmento é tentadora demais para não ser usada (um exemplo? o sub-compacto Renault Kwid).

Mas os números de vendas nos principais mercados ainda favorecem hatches, sedãs e picapes, que seja pela tradição, preço ou pelo fato de que a maioria do público consumidor ainda não quis (ou não pôde) se render aos atributos de modelos mais imponentes. O que poderia deixar as fábricas diante de um impasse, não fosse uma solução inteligente e cada vez mais usada.

Trata-se das plataformas modulares, que se tornam cada vez mais empregadas. Os tempos dos chassis pensados sob medida para um modelo específico, e que não permitiam grandes ajustes, se aproximam dia após dia do passado – é bem verdade que ainda há comerciais montados sobre a boa e velha estrutura de longarinas. Hoje não se pensa apenas num assoalho, mas numa estrutura, em um esqueleto de aço e outros metais a partir do qual se monta a carroceria, a ligação com o solo, o conjunto propulsor. Uma base que pode ter suas dimensões modificadas de acordo com o segmento e a proposta, servindo do hatch compacto ao SUV médio/grande. Tal qual faz a Volkswagen com sua MQB, que está no Polo, mas também no Golf, Jetta, Tiguan e Touareg.

Melhor assim, já que fica mais simples (e barato) projetar e desenvolver veículos de diversos segmentos. O que garante que sedãs, hatches, cupês e SUVs podem conviver em harmonia, até que você, consumidor, com suas escolhas, decida o contrário...

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