A duplicação dos 19 quilômetros da rodovia Régis Bittencourt (BR-116) na Serra do Cafezal, em Miracatu (SP), consumirá quatro anos de obras, segundo a concessionária da estrada. É o mesmo tempo gasto na construção da segunda pista da rodovia dos Imigrantes, principal acesso ao litoral paulista, inaugurada há dez anos.
Além de mais extensa, com 21 km, a nova Imigrantes exigiu a abertura de 8,23 quilômetros de túneis e a construção de 4,27 km de viadutos. Com isso, a área desmatada na Serra do Mar resumiu-se a 40 hectares. Foram consumidos 420 mil metros cúbicos de concreto e 25 mil toneladas de aço. As obras foram feitas pela concessionária Ecovias, por meio do programa estadual de concessões rodoviárias.
Na Régis, o projeto para a Serra do Cafezal inclui uma pista com três faixas de rolamento no sentido São Paulo e duas faixas no sentido Curitiba. Para reduzir o impacto na mata, serão construídas 36 pontes e viadutos, num total de sete quilômetros, e quatro túneis com total de 1,8 km. A obra consumirá cerca de 100 mil metros cúbicos de concreto e exigirá a movimentação de 1,4 milhão de metros cúbicos de terra. O desmatamento deve atingir 114 hectares. De acordo com o superintendente da Autopista Régis Bittencourt Eneo Pallazi, a obrigação de fazer a nova pista ao longo da existente limita a produtividade da obra, a mais importante do contrato de concessão com o governo federal.
Ambientalistas cobravam o emprego de técnicas semelhantes às usadas na construção da Imigrantes para reduzir a supressão da Mata Atlântica que recobre a serra. Na via de acesso ao litoral paulista, foi utilizada tecnologia para ampliar de 45 para 90 metros a distância entre os pilares de viadutos e trabalhadores e equipamentos foram transportados por guindastes até o local da construção, evitando a abertura de clareiras. Para se ter uma ideia, a área desmatada foi reduzida em 40 vezes na comparação com a construção da primeira Imigrantes, na década de 1970.
Pallazi lembra que a nova pista da Imigrantes contou com a estrada de serviço aberta durante a construção da primeira estrada. Na Régis, não serão executados caminhos de serviço para evitar corte de vegetação. A empresa terá de realizar a obra ao longo da pista atual e seguindo o mesmo traçado.
A licença dada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a obra na Régis, publicada na edição de segunda-feira (7) do Diário Oficial da União, estabelece condicionantes para reduzir o impacto ambiental. Antes de retirar a mata, a concessionária terá de identificar a fauna existente no local, colher amostras de água dos mananciais existentes na área e coletar sementes de espécies ameaçadas de extinção.
A Autopista Régis Bittencourt informou que pretende cumprir essas exigências num prazo de aproximadamente 90 dias. Isso porque a empresa já obteve a liberação das áreas necessárias à duplicação. A licença abrange o único trecho não duplicado do corredor rodoviário entre São Paulo e Florianópolis, que vai do km 344 o km 366, em Miracatu. O local, com pista simples e sinuosa, é recordista em acidentes. As obras têm o custo previsto em R$ 700 milhões.
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