Ocorrências diminuem, mas Minas ainda tem 14 mulheres agredidas por hora

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
06/03/2017 às 20:46.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:38

Todos os dias, 367 mulheres sofrem algum tipo de agressão em Minas, o equivalente a cerca de 14 vítimas por hora. O dado, referente a 2016, consta no Diagnóstico de Violência Doméstica e Familiar nas Regiões Integradas de Segurança Pública de Minas Gerais e alerta para o índice ainda elevado de ataques físicos, psicológicos, sexuais, morais e patrimoniais praticados contra mulheres no Estado. 

O estudo foi publicado pelo Centro Integrado de Informações de Defesa Social do Governo de Minas e revela que, apesar da queda de 2% em relação a 2015, 126.710 registros de violência doméstica e familiar contra a mulher foram contabilizados no ano passado em Minas. Na Região Integrada de Segurança Pública (Risp) de Belo Horizonte, a primeira do ranking, foram 14.960 casos no mesmo período. 

De acordo com o levantamento, o maior número de ocorrências acontece nessa região por englobar a capital mineira, que é dona da maior população de todo Estado. O tipo de violência predominante na maior parte do território mineiro é a física, seguida da psicológica. 

O estudo analisa, ainda, os perfis das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar registrada nos anos de 2014 a 2016, e aponta que os autores desse tipo de delito são, em 38% dos casos, os companheiros, e, em 31%, os ex-companheiros.

Em todo Estado, no ano passado, 48.808 agressões foram praticadas pelo cônjuge da vítima, segundo o levantamento. Os ex-cônjuges foram responsáveis por 41.535 ataques no mesmo período. Além disso, 12.506 atos de violência foram praticados por filhos ou enteados. 

A maior parte dos agredidos tem a cor da pele parda (46%), seguida da cor branca, em 33% dos casos. Aproximadamente 23% das vítimas possuem ensino fundamental incompleto, seguido de 19% que são alfabetizadas, e18% que possuem ensino médio completo. A faixa etária prevalecente entre as mulheres vítimas é de 25 a 34 anos de idade.

Contramão
A delegada Danúbia Quadros, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Belo Horizonte, localizada no Barro Preto, explica que, na capital, na maior parte dos casos, os agressores de mulheres jovens são o marido ou namorado da vítima. No caso de mulheres idosas, a agressão costuma ser praticada por filhos ou netos.

Ela destaca que, apesar de os números em Minas estarem apontando queda, essa não é a realidade de Belo Horizonte, de acordo com a demanda da delegacia da mulher. 

“O atendimento de vítimas de violência sexual e doméstica maiores de idade tem crescido. Neste ano, de janeiro até agora, fizemos 1.507 atendimentos, executamos 1.064 medidas protetivas e instauramos 935 investigações de violência doméstica. Não temos um comparativo com o ano passado, mas é visível que houve aumento”, explica Danúbia.

A vice-presidente do Conselho Municipal de Direito da Mulher de Belo Horizonte, Tetê Avelar, explica que os órgãos que prestam atendimento às mulheres vítimas de agressão na capital precisam ser fortalecidos. “Há um sucateamento geral. As casas que recebem essa mulheres têm poucos funcionários. Hoje, a principal demanda é ter uma estrutura de pessoal competente para receber essas vítimas”, avalia a conselheira.

Nacional

As denúncias de violência sexual no Carnaval aumentaram 87,9% neste ano em comparação com o feriado de 2016, segundo dados da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, do governo federal. Os números levam em conta registros feitos pela Central de Atendimento à Mulher (Disque 180).

Segundo a Secretaria, foram 109 relatos de violência sexual neste ano, contra 58 no ano passado. Para a pasta, o aumento no número de relatos de violência sexual – que abrange de assédios ao estupro – pode ter conexão com as campanhas que incentivam que as vítimas denunciem os agressores.

Nos quatro dias de Carnaval, o Disque 180 registrou, ao todo, 2.132 queixas de mulheres – o que representa uma leve queda de 1,62% em comparação com o mesmo período do ano passado.

A violência física foi o principal motivo das ligações (1.136). Em seguida, vem a violência psicológica (671), a sexual (109), a violência moral (95), além de denúncias de cárcere privado (68), violência patrimonial (49) e tráfico de pessoas (4). (Com Agência Estado)

  

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