A ocupação das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) pediátrico e neonatal já chega a 90% e 95% em Belo Horizonte. A lotação na rede pública é provocada, principalmente, pelo aumento da circulação de vírus respiratórios, como o sincicial, que afeta crianças de até 2 anos com bronquiolite. O balanço foi divulgado pela prefeitura nesta quinta-feira (23).
De acordo com a PBH, 18 pacientes de até 14 anos aguardam por leitos de internação. Desses, oito são de outros municípios. O número, no entanto, é “dinâmico”. As vagas são distribuídas de acordo com as patologias, o que explica a fila de espera. “A busca é direcionada para a necessidade específica”, explica a Secretaria Municipal de Saúde.
Em meio à sobrecarga, famílias enfrentam dificuldades nas unidades de saúde. Pais têm esperado por horas para conseguir o socorro aos filhos. Caso da moradora Samantha Ferreira, de 36, que levou o filho Oliver Santos, de 2, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Norte.
O menino estava com sintomas gripais. “Estamos aqui desde 7h aguardando. Pediram uma radiografia, mas já falaram que a média de espera para o atendimento é de quatro horas”, lamentou Samantha, no fim da manhã.
Mesma situação viveu a operadora de telemarketing Shirlene Figueiredo, de 33, que chegou a ligar para a UPA antes de sair de casa. “Cheguei 6h40 e até agora não fui atendida, já são quase 10h. Está cheio. Uma mãe que estava aqui desde 6h só foi chamada agora”, contou Shirlene.
A dificuldade, no entanto, não se resume à rede pública. A bióloga Larissa Alvarenga, de 27 anos, conta que ficou mais de duas horas aguardando para passar com o filho Lucca, de 3, apenas pela triagem. Ao todo, a mãe esperou mais de quatro horas pelo atendimento em um hospital da região central, na quarta-feira.
“Estava simplesmente lotado. Já precisei levar ele algumas vezes no pronto atendimento e nunca tinha demorado tanto. Ontem, fiquei realmente impressionada. Até para mandarem ele para a triagem. Logo quando eu cheguei a recepcionista me falou que estava com espera aproximada de quatro horas. E realmente foi o que demorou para sermos atendidos”, reclama.
Larissa diz que foi surpreendida ao notar o hospital tão cheio, mesmo fora do período sazonal. “Eu fiquei bem impressionada porque esse tipo de demora, com o hospital lotado costuma acontecer no inverno, não logo após o verão”.
Segundo ela, os relatos das mães eram praticamente todos de crianças com sintomas gripais. “Muita gente indignada com relação à demora nos atendimentos”, acrescentou.
(Valéria Marques / Hoje em Dia)
PBH promete abertura de mais vagas
A situação preocupa, segundo o diretor de Promoção à Saúde e Vigilância Epidemiológica, Paulo Roberto Corrêa. “Algumas crianças têm um quadro de agravamento respiratório, necessitando de internação”, disse, em entrevista à TV Globo.
A pressão no sistema se deve a uma “antecipação” da curva sazonal. “Esses casos se anteciparam em algumas semanas em relação ao ano anterior, gerando uma grande demanda”.
No entanto, o alerta já havia sido anunciado no último ano. Ao Hoje em Dia, em dezembro de 2022, o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, falou sobre a circulação de três vírus respiratórios em março.
Questionada sobre a situação, a PBH informou “há perspectivas de ampliação do número de leitos de UTI neonatais e pediátricos nas próximas semanas”. O Executivo reforçou que o sistema é dinâmico e funciona 24 horas por dia.