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Oito dos 12 bancos de leite humano de Minas estão com estoques no limite

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
Publicado em 06/08/2022 às 08:00.
 (Divulgação / Hospital Sofia Feldman)

(Divulgação / Hospital Sofia Feldman)

O estoque é baixo - ou simplesmente não existe - em pelo menos oito dos 12 bancos de leite humano de Minas. Sem o alimento, o atendimento a recém-nascidos internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pode ficar comprometido. Pediatras fazem um apelo às mulheres que estão amamentando para que façam as doações. 

Operando no limite, as maternidades têm priorizado os casos graves, como os de prematuros. Em último caso, os profissionais precisam utilizar as fórmulas infantis. A dificuldade na captação tem se arrastado há meses, mas ganhou força nos últimos dias com a Semana Mundial do Aleitamento Materno. 

Dentre os bancos de leite que pedem ajuda está o maior do Estado, da Maternidade Odete Valadares, em Belo Horizonte. Referência, o local atende cerca de 140 prematuros por mês da Grande BH e cidades do entorno. O hospital afirma que o estoque é insuficiente para toda a demanda.

No Hospital Feldman, na região Norte de BH, a situação é mais delicada. Em média, o 100 bebês são atendidos mensalmente. A unidade de saúde precisa de 36 litros de leite por semana, mas a conta não fecha.

Segundo o Sofia, o problema é agravado nesta época do ano, durante o inverno. “Comparado com os últimos anos tivemos uma redução tanto no volume de leite que entra no banco de leite humano, quanto também no número de doadoras”, informa nota enviada.

Interior
O baixo estoque também é problema enfrentado no interior de Minas. Na Santa Casa de Misericordia de Passos, no Sul do Estado, só havia 1 litro de leite pasteurizado na geladeira. A demanda, no entanto, é de 5 litros de leite por semana, para atender os 20 prematuros da UTI Neonatal.

A nutricionista Caroline Correia, coordenadora do banco de leite humano do Hospital Santa Isabel, em Ubá, na Zona da Mata, também relata dificuldades. “Nunca temos leite em estoque. Todo leite que chega nós já fazemos o processamento e entregamos para a UTI. Sempre precisa de doação. A cidade é pequena, nós dependemos da colaboração das doadoras, mas nunca é suficiente".

Também enfrentam dificuldades os bancos de leite humano de Uberaba, no Triângulo Mineiro; de Varginha, no Sul de Minas; de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Montes Claros, no Norte de Minas.

A Secretaria de Estado de Sáude (SES-MG) foi procurada, mas não se pronunciou sobre possíveis medidas adotadas para ajudar as maternidades que estão com os baixos estoques. Por nota, informou que existem 29 postos de coleta, distribuídos em todas as regionais. No último ano, mais de 9,7 mil bebês foram atendidos, graças à doação de 12,4 mil doadoras mineiras.

Fundamental para o desenvolvimento dos recém-nascidos, o leite materno é o melhor alimento para os bebês. “É completo, possui todos os nutrientes que ele precisa, a quantidade necessária de água e tem uma função de transferência de anticorpos”, observa pediatra Cláudia Drumond, que atua na área há 25 anos.

Conforme a médica - que tem passagens por importantes hospitais, como o das Clínicas, da UFMG, e o João Paulo II e hoje atua na clínica Saúde do Lar -, as crianças alimentadas com o leite materno serão adultos com menores chances de desenvolver diabetes, hipertensão, e até alguns tipos de cânceres.

Doação
Para se tornar uma doadora basta estar amamentando e produzindo leite em excesso, estar com os exames normais, não fumar nem fazer uso de bebidas alcoólicas. As voluntárias não podem usar medicamentos contraindicados ou ter tido hepatite. Aquelas que fizeram transfusão de sangue também ficam de fora. 

Não é necessário se deslocar. Basta entrar em contato com os bancos de leite por telefone (3298-6008). Será realizada uma triagem e a avaliação dos exames.

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