Onda de atentados em vários pontos no Iraque deixa ao menos 46 mortos

AFP
15/04/2013 às 14:55.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:50

BAGDÁ - Vinte atentados em vários pontos do Iraque deixaram nesta segunda-feira (15) 46 mortos e cerca de 300 feridos em uma nova onda de violência a poucos dias das eleições locais, as primeiras no país desde a retirada das tropas americanas.

A onda de violência, que ocorreu de manhã na hora do rush, coloca em xeque a capacidade das autoridades de garantir a segurança das eleições de 20 de abril, que serão um teste para a estabilidade do Iraque e a capacidade de suas forças de segurança.

Nas últimas semanas, foram assassinados 14 candidatos às eleições, que serão realizadas apenas em 12 das 18 províncias do Iraque.

Vinte carros-bomba explodiram em todo o país, em Bagdá, a capital, mas também nas cidades de Kirkuk e Tuz Khurmatu (norte), Tikrit e Samarra (centro) e Hilla e Nasiriya (sul de Bagdá).

Três bombas camufladas à beira de uma estrada também explodiram em Baquba (norte da capital).

Embora os atentados ainda não tenham sido reivindicados, militantes sunitas ligados à Al-Qaeda atacam regularmente alvos governamentais e civis com o objetivo de desestabilizar o país e intimidar candidatos e responsáveis pela organização das eleições.

Os ataques mais violentos foram registrados em Bagdá, onde oito carros-bomba explodiram em sete bairros da capital, apesar dos postos de controle reforçados.

Com ao menos 30 mortos e 92 feridos, Bagdá é a cidade mais afetada por esta onda de atentados.

Os atentados também deixaram ao menos 11 mortos em Kirkuk e Tuz Khurmatu, cidades que são alvo de uma disputa territorial entre o Curdistão autônomo e o governo central, em uma zona que se estende da fronteira com o Irã, no leste, até o limite com a Síria, no oeste.

Este território é reivindicado pelo governo central de Bagdá e também pelas três províncias autônomas do Curdistão, no norte do país.

Vários altos funcionários iraquianos e diplomatas garantem que esta disputa é uma ameaça no longo prazo para a estabilidade do Iraque.

As forças de segurança votaram no sábado com antecedência nestas eleições provinciais, as primeiras desde março de 2010 e também as primeiras eleições desde a retirada das tropas americanas do Iraque, em dezembro de 2011.

As três províncias autônomas curdas não realizarão eleições. A de Kirkuk não votará por problemas com as listas eleitorais, enquanto o governo xiita de Nuri al-Maliki adiou as eleições de Anbar (oeste) e de Nínive (norte) alegando a instabilidade nessas duas províncias, onde a minoria sunita protesta há quatro meses contra sua marginalização.

As eleições renovarão as câmaras provinciais, que, por sua vez, deverão eleger os governadores. O governador está a cargo da reconstrução, das finanças e da administração provincial.

Mais de 8.000 candidatos disputam 378 assentos nos conselhos provinciais. Cerca de 16,2 milhões de iraquianos estão habilitados para votar, além dos 650 mil membros das forças de segurança.

As eleições são realizadas após um longo conflito entre o primeiro-ministro al-Maliki e vários de seus antigos aliados no governo, uma disputa que, segundo autoridades políticas e diplomáticas, favorece os insurgentes.

A violência no Iraque, embora continue sendo diária, caiu significativamente em comparação com o conflito sectário dos anos 2006 e 2007, quando milhares de pessoas morriam a cada mês. No entanto, 271 pessoas faleceram em março, o mês mais mortífero desde agosto, segundo um balanço elaborado pela AFP.

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