ONU manifesta preocupação com milhões de mães adolescentes

Maureen Cofflard - AFP
30/10/2013 às 18:10.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:47

LONDRES - As Nações Unidas manifestaram nesta quarta-feira (30) sua preocupação com o destino de mais de sete milhões de adolescentes que todos os anos se tornam mãe, principalmente nos países em desenvolvimento.   Todos os dias, 20 mil jovens menores de 18 anos trazem um filho ao mundo nos países em desenvolvimento, o que representa 95% dos casos, segundo um relatório sobre a população mundial 2013 realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA). Já nos países industrializados são registrados apenas 680 mil nascimentos de filhos de mães adolescentes por ano, mais da metade nos Estados Unidos.   Uma menor de idade em cada cinco vira mãe nos países em desenvolvimento. No Níger, esse índice chega a uma em cada duas meninas (51%).   Das 7,3 milhões de jovens menores que viram mãe a cada ano, dois milhões têm menos de 15 anos, segundo o relatório. "Em países como Bangladesh, Guiné, Mali, Moçambique, Níger e Chade, uma jovem em cada dez é mãe antes dos 15 anos".   Segundo pesquisas da UNFPA, 19% das mulheres entre 20 e 24 anos nos países em desenvolvimento tiveram seu primeiro filho antes dos 18 anos. Na amostra pesquisada neste estudo, que representa 36,4 milhões das mulheres, cerca da metade (17,4 milhões) vive no sudeste asiático; 10,1 milhões, na África Subsaariana; e 4,5 milhões, na América Latina e Caribe. "O principal fator determinante das gestações precoces é o baixo nível educacional, assim como o casamento de meninas", afirma o estudo.   O relatório mostra, no entanto, que diminuiu a frequência das gestações nos países em desenvolvimento, principalmente entre as meninas com menos de 15 anos, o que é atribuído em grande parte "à diminuição dos casamentos arranjados com meninas muito jovens".   No entanto, a tendência se mantém na África Subsaariana e "espera-se que o número de meninas com menos de 15 anos que serão mães passe dos dois milhões atuais a 3,3 milhões em 2030". Essas gestações precoces duplicam o risco de morte ou de fístulas vaginais (lesões internas que levam à incontinência) entre as menores de 15 anos.   A cada ano, 70.000 adolescentes morrem por complicações na gravidez e no parto e 3,2 milhões têm abortos perigosos. "Geralmente, a sociedade joga a culpa nas adolescentes pela gravidez, mas, na maioria dos casos, essa gravidez não é o resultado de uma escolha deliberada e sim a ausência de escolha e circunstâncias alheias a sua vontade", afirmou o dr. Babatunde Osotimehin, supervisor do informe.   "Devemos refletir sobre as mudanças que devem ser introduzidas nas políticas e nas normas aplicadas pelas famílias, as comunidades e os poderes públicos", recomendou.   Para tentar melhorar esta situação, o relatório pede "um impulso à escolarização das meninas, o fim aos casamentos arranjados, a modificação das atitudes relativas aos papéis atribuídos aos homens e às mulheres, um acesso maior das adolescentes aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, e uma ajuda maior às mães adolescentes.

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