ONU mantém suspensa sua missão de observadores na Síria

AFP
26/06/2012 às 16:33.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:06

NOVA YORK - O líder das operações de paz das Nações Unidas, Hervé Ladsous, declarou nesta terça-feira (26) que as condições não foram atendidas para uma retomada das atividades dos observadores da ONU na Síria.

Essas atividades estão suspensas desde 16 de junho devido à contínua violência, embora a missão de supervisão da ONU (UNSMIS) tenha continuado no terreno. Ladsous, que falou nesta terça-feira ao Conselho de Segurança, apontou que os civis estão cada vez mais em risco na Síria e que as operações militares de ambos os lados continuam.

"As condições não são favoráveis à retomada das operações", afirmou, segundo relato dos diplomatas. Para Ladsous, "quanto mais a violência continua, mais difícil fica para a UNSMIS retomar suas operações".

Ele afirmou ainda que os cerca de 300 observadores militares desarmados manterão seus esforços para ajudar as organizações humanitárias que tentam trazer alívio para a população. Mas enfatizou que Damasco recusa a autorizar a UNSMIS a utilizar telefones via satélite, indispensáveis para a missão. O governo sírio também negou aos observadores o direito de usar seus próprios helicópteros.

O chefe dos observadores, general Robert Mood, anunciou em 16 de junho a suspensão da missão em razão da "intensificação da violência". Os observadores pararam com as patrulhas e restringiram os contatos com os protagonistas do conflito.

A missão da ONU foi mobilizada em abril para supervisionar o cessar-fogo estabelecido pelo plano de paz do emissário internacional Kofi Annan, mas que em momento algum foi respeitado. Em várias oportunidades, os observadores foram impedidos de visitar algumas regiões e seus veículos foram alvos de ataques.

Nasser al-Qidwa, adjunto de Kofi Annan, que também falou ao Conselho de Segurança por videoconferência nesta terça-feira, ressaltou que não há, por enquanto, "um diálogo político" na Síria. Segundo ele, ao contrário, há uma militarização crescente da violência, indicaram os diplomatas.

Para Al-Qidwa, as perspectivas de solução política serão "um elemento-chave" na decisão que deve ser tomada pelo Conselho de renovar ou não o mandato da MISNUS, que expira em 20 de julho. A ONU analisa várias opções, a mais provável, segundo os diplomatas, é a de diminuir a missão para um escritório de ligação com os civis.

Referindo-se à reunião de sábado, em Genebra, para a criação de um novo grupo de contato internacional sobre a Síria, Al-Qidwa considerou que este grupo deve entrar em acordo sobre as "orientações para uma transição política" e não se contentar em ser apenas um "fórum de discussão".

Mas, de acordo com diplomatas na ONU, ainda não há consenso sobre essa transição, nem mesmo sobre a composição do novo grupo, apenas que deve acontecer no nível dos ministros das Relações Exteriores.

A reunião em Genebra deverá reunir os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha), assim como Estados da região que têm uma influência sobre os protagonistas na Síria.

O embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, disse nesta terça-feira que o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, concordou em participar. "Espero que os outros participantes previstos estejam presentes e que (a reunião) dê um forte impulso para os esforços políticos para pôr fim ao conflito na Síria", insistiu.

Serguei Lavrov declarou ainda, durante uma visita a Jordânia, que o Irã deve ser convidado a participar desta reunião. "Nós acreditamos que o Irã deve ser convidado. Isto realmente deve acontecer", declarou Lavrov à imprensa, após um encontro entre o presidente russo Vladimir Putin e o rei Abdallah II da Jordânia.

Lavrov acrescentou que as discussões da reunião de sábado serão menos produtivas sem a participação iraniana. Se o Irã não for convidado, "então todos que podem realmente influenciar todas as principais partes sírias não estarão presentes", insistiu. Ele deixou a entender que ainda existe a chance do Irã ser convidado: "Há um acordo entre os organizadores mais ativos da conferência". Sexta-feira, Annan desejou a participação iraniana nas discussões.

No início de junho, Lavrov já havia considerado "irresponsável" a posição de querer excluir o Irã de uma conferência internacional sobre a Síria. Paris, Washington e Londres haviam de fato se recusado a envolver o Irã em tal conferência.

A Organização das Nações Unidas em Genebra ainda não recebeu a confirmação dessa reunião.

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