(Lucas Borges/Hoje em Dia)
Uma frente formada por deputados estaduais da ala de esquerda, membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Minas Gerais e do Sindicato dos Trabalhadores das Instituições Federais de Ensino (Sindifes) afirmam que a operação “Esperança Equilibrista”, realizada pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (6), teve cunho político, em represália a universidade.
Em entrevista coletiva na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a frente criticou o modo de atuação da PF, que cumpriu sete mandados de operação coercitiva, e 11 de busca e apreensão, por conta da investigação de desvio de verbas destinadas ao Memorial da Anistia Política do Brasil, que está sendo construído no bairro Santo Antônio, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O projeto é financiado pelo Ministério da Justiça e está sendo executado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Entre os que foram conduzidos estão o reitor da UMFG, Jaime Arturo Ramirez, a vice-reitora Sandra Regina Goulart Almeida, e o presidente da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep), Alfredo Gontijo de Oliveira.
Para Cristina Del Papa, representante do Sindifes, a operação teve um viés político, a partir do posicionamento da universidade em relação a políticas do governo. “A UFMG sempre se mostrou contra a privatização das universidades federais. As instituições estão sendo atacadas. Para nós, do movimento sindical, isso é ação coordenada para destruir, descredenciar a imagem da UFMG, ao pegar as lideranças, no caso os reitores, e destruir a credibilidades deles”, afirma.
Presidente da CUT em Minas Gerais, Beatriz Siqueira, criticou a forma como se deu a ação da PF. “É uma injustiça que não haja direito ao contraditório e a ampla defesa. Eles não puderam ter acesso aos autos do processo, e não puderam, sequer, ser acompanhados por uma advogado durante a coerção.
Quem também se mostrou contrário à operação foi o deputado estadual Rogério Corrêa (PT), revelando que medidas já estão sendo tomadas para apurar a conduta da PF. “Vamos fazer uma audiência pública para entender essa ação da Polícia Federal. A comissão de Direitos Humanos, a Assembleia Legislativa tem que apurar esse caso. O que nos espanta é que no caso do acidente de Mariana, com a Samarco, ninguém foi conduzido coercivamente, mesmo com provas”.
Investigação
A PF apurou que, até o momento, teriam sido gastos mais de R$ 19 milhões na construção e pesquisas de conteúdo para a exposição, mas o único produto aparente é um dos prédios anexos, ainda inacabado. Do total repassado à UFMG, quase R$ 4 milhões teriam sido desviados por meio de fraudes em pagamentos realizados pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa – FUNDEP, contratada para pesquisas de conteúdo e produção de material para a exposição de longa duração. Os desvios até agora identificados teriam ocorrido por meio de pagamentos a fornecedores sem relação com o escopo do projeto e de bolsas de estágio e de extensão.
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