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A Polícia Federal prendeu mais quatro pessoas, nesta sexta-feira (14), no Ceará e na Paraíba, acusadas de participarem de um esquema de fraude do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As prisões foram feitas dentro da operação Apollo, que investiga uma quadrilha que seria responsável por repassar gabaritos para candidatos interessados em ingressar em cursos de Medicina em universidades públicas.
As quatro prisões têm relação com as outras duas realizadas em Juazeiro do Norte, a 560 quilômetros de Fortaleza, no sábado, 8, no primeiro dia prova do Enem 2014. Os presos foram indiciados pela prática dos crimes de fraudes em certames públicos e organização criminosa.
A Operação Apollo foi realizada simultaneamente nos Estados do Ceará, Paraíba e Piauí. Pela manhã, durante coletiva na Superintendência da PF no Ceará, a delegada responsável pelo caso, Andréa Karine Assunção, informou que dezenas estudantes foram mapeados e que serão investigados como beneficiados pelo suposto esquema.
As investigações começaram há 13 meses. Andréa Karine disse que o próximo passo será identificar todos os candidatos beneficiados nas edições do Enem deste ano e do ano passado. "Somente em 2013, foram cerca de 40. Estamos trabalhando na identificação dessas pessoas", disse a delegada. De acordo com ela, os gabaritos eram repassados durante a aplicação da prova.
Das quatro pessoas presas nesta sexta, duas são da Paraíba e as outras duas de Juazeiro do Norte, no Ceará. Os envolvidos captavam estudantes interessados em se beneficiar com a fraude. Os presos pela PF em Juazeiro do Norte no sábado haviam se inscrito como sabatistas, que fazem o exame em horário diferenciado (após o pôr-do-sol) por motivos religiosos.
De acordo com Andrea Karine, as duas pessoas estavam com os gabaritos das provas nos celulares. Apesar do flagrante, foram liberadas após pagamento de fiança no valor de R$ 6 mil e vão aguardar julgamento. Caso sejam condenadas, podem pegar até quatro anos de prisão.
Ainda segundo a PF, há informações de que cada estudante pagava R$ 30 mil pelo gabarito. Além das prisões, foram cumpridos dentro da operação 12 mandados de busca e apreensão (sete no Ceará, quatro na Paraíba e um no Piauí). O superintendente da PF no Ceará, Renato Cesarini, afirmou que as investigações irão prosseguir até que todos os envolvidos respondam criminalmente.
Presente à coletiva em Fortaleza, o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Francisco Soares, descartou a possibilidade de cancelamento das provas. Ele diz se tratar de um caso isolado e que está sendo investigado. "Não há a menor possibilidade de o Enem ser cancelado", disse. O Inep é órgão responsável pelas provas do Enem.
Soares elogiou o trabalho da PF do Ceará e afirmou que as investigações deverão continuar para identificar e punir os candidatos que teriam se beneficiado. "Quem atentar contra o Enem será preso", garantiu.
Cesarini acredita que as prisões realizadas dentro da Operação Apollo não tenham relação com o suposto vazamento do tema da redação denunciado por alunos do Piauí e do Ceará nesta semana. Segundo ele, não há elementos que mostrem conexão entre os dois casos.
O Ministério Público Federal no Ceará informou, por meio de sua assessoria, que ainda não foi notificado sobre as prisões realizadas pela PF. Com relação às denúncias envolvendo supostos vazamentos no tema da redação, foi designada a procuradora Nilce Cunha Rodrigues para acompanhar o caso.
Ela disse que deverá ouvir em depoimento os três estudantes cearenses que disseram ter recebido mensagens pelo celular com o tema "Publicidade Infantil no Brasil" - tal como teria acontecido com estudantes do Piauí.
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