Fraude eletrônica

Operação 'Exame da Ordem' prende suspeitos de aplicar golpe do falso advogado em Minas

Organização criminosa fazia vítimas em Minas, mas operava em outros estados como Ceará e Santa Catarina

Bernardo Haddad
@_bezao
10/10/2025 às 09:16.
Atualizado em 10/10/2025 às 13:38
 (Divulgação/MPMG)

(Divulgação/MPMG)

Duas pessoas foram presas preventivamente nesta sexta-feira (10) durante a Operação "Exame da Ordem", que investiga uma organização criminosa especializada no "golpe do falso advogado" contra vítimas em Minas Gerais.

O Ministério Público (MP) aponta que o grupo se passava por advogados e escritórios de advocacia, utilizando perfis falsos com fotos de profissionais do Direito e documentos fraudulentos. As fraudes eram cometidas via WhatsApp, induzindo as vítimas com processos judiciais em andamento a realizarem transferências bancárias sob falsos pretextos.

A ação foi autorizada pela 2ª Vara das Garantias da Comarca de Belo Horizonte, que cumpriu os mandados de prisão e de busca e apreensão em endereços localizados nos estados do Ceará e Santa Catarina.

Com os investigados, a polícia apreendeu três aparelhos celulares, um notebook e R$ 14 mil em dinheiro vivo. Os suspeitos foram encaminhados à Polícia Civil para dar continuidade à investigação.

Segundo o Ministério Público, as fraudes eram cometidas por meio de contatos via WhatsApp, utilizando perfis falsos e documentos fraudulentos.

A operação foi batizada de “Exame da Ordem”, em alusão ao exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 

Golpe do falso advogado em Minas 

De janeiro a agosto deste ano, Minas havia registrado 500 ocorrências do “golpe do falso advogado”, segundo estimativa feita pela Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB-MG). A média é de 60 casos por mês.

Conforme o Hoje em Dia mostrou, os golpistas turbinaram o esquema e, além de usar o nome e a imagem de profissionais do Direito, recorrem à Inteligência Artificial para criar áudios falsos, informando às pessoas com ações judiciais que o processo foi finalizado e que elas têm valores a receber. 

Com o áudio simulado pela IA, os golpistas confirmam dados com os clientes e, em seguida, realizam cobranças para liberar as indenizações. O advogado Paulo Goulart, do escritório Goulart & Galon, teve a voz simulada por IA. O conteúdo foi compartilhado com o Hoje em Dia.

Goulart não soube precisar quantos clientes receberam o áudio, mas explicou que vários entraram em contato para verificar a veracidade da mensagem, sendo alertados sobre o golpe. 

“Infelizmente, estamos vendo um avanço dos estelionatários no golpe do falso advogado. Antes, enviavam mensagens, usando nossas fotos, tentando convencer os clientes. Agora, o uso da IA para o mal, usando a minha voz, indicando que aquele cliente teria um valor a receber”, destaca.

O que diz a OAB?

Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB-MG) informou que apoia a atuação do MPMG. Veja nota na íntegra:

"A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB-MG) apoia a atuação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e demais órgãos envolvidos na Operação “Exame da Ordem”, que investiga práticas criminosas relacionadas ao uso indevido de nomes de advogados e escritórios de advocacia.

A OAB-MG destaca a importância de um trabalho criterioso e responsável por parte das autoridades competentes para combater esse tipo de crime, que afeta não apenas a sociedade, mas também a imagem e o exercício profissional da advocacia em todo o país.

Em Minas Gerais, a OAB mantém mecanismos próprios de fiscalização e prevenção, voltados à proteção da classe e ao enfrentamento de qualquer tentativa de desvirtuar a função essencial da advocacia à Justiça.

Após as práticas reiteradas do golpe do falso advogado, a Ordem mineira requisitou ao MPMG, ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais e às autoridades policiais a efetiva apuração e identificação destes criminosos. 

A nossa instituição conta com a determinação de todos estes órgãos para o contínuo combate à prática criminosa. 

Núbia de PaulaPresidente em exercício da OAB-MG".

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