Caro Vereador,
O ano começa e, com ele, a responsabilidade de representar a população da cidade. Queria desejar sorte e um bom trabalho, deixando meu testemunho sobre o que fiz em 40 meses como vereador, esperando que a jornada possa servir de reflexão a partir de 5 mandamentos que busquei seguir:
Fiscalize
Ajustei o trabalho de fiscalização da segurança e da assistência social, em conjunto com os vereadores da minha comissão. Precisa ser ampliado, pois o desperdício promovido pela prefeitura é inaceitável. Todo o recurso que gastamos foi arrancado do pagador de impostos e tem de ser tratado com o maior respeito.
Legisle menos
Comecei o mandato arquivando mais de 400 projetos inúteis e terminei com a proposta de revogação de 8 mil leis, que aguarda votação pelos novos vereadores. Não se proponha metas de projetos propostos ou leis. Pense no destinatário da norma e no custo de cumprir as obrigações criadas por lei.
Reflita sobre o custo do mandato
Economizei mais de R$ 1milhão por ano. Tive 25% dos assessores que poderia nomear. Não utilizei carros oficiais ou verbas de gabinete. Cada centavo usado é diretamente subtraído da cidade como um todo.
Pratique o diálogo, mas não tolere a corrupção
Sempre disse que não me elegi para fazer amigos, mas nunca deixei de ouvir e debater com os que pensam diferente. Foi assim na Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor, convivendo com PT e PSOL, conseguindo convergir inúmeras vezes e sustentar a divergência outras tantas. Nunca tolere, contudo, o desvio. Atuei para cassar os dois primeiros vereadores a perderem mandato em BH, mas a corrupção não começou na legislatura passada. É preciso ser intolerante com as negociatas.
Honre a confiança do eleitor
Não tenho vergonha do mandato ou da condição de político. Posso repetir sempre cada detalhe do que fiz, sem medo de julgamentos. Me considero uma boa pessoa, mas acredito que quase todos se considerem. A pergunta é quantos estão dispostos a fazer apenas aquilo que poderia ser acompanhado de perto por qualquer um. O mandato é apenas exercido pelo eleito, mas pertence ao eleitor. Lembre-se disso.
Isso pode não garantir sucesso na próxima eleição, mas o dever dos eleitos é com a eleição passada – e não com a próxima.
(Falo a partir da posição de ex-vereador de BH, mas acredito que sirva a todos que se dispuseram a representar a população!)