Os Correios estão novamente enfrentando uma greve que vai comprometer, pela enésima vez, o envio de correspondências e a entrega de encomendas. E, a cada nova greve, reforça em toda a população duas certezas: a de que o monopólio é um erro e de que empresas estatais são um equívoco conceitual.
De alguma forma, as seguidas greves do serviço postal brasileiro têm levado o cidadão a se adaptar, buscando a conversão cada vez mais frequente da remessa física de correspondências e boletos bancários em um envio digital, mais seguro, rápido e barato. Já em relação a encomendas, o comércio eletrônico tem buscado também alternativas por empresas de transporte que possam garantir constância e preços melhores, com qualidade equivalente.
Quem mais perde com as greves é o próprio correio, que reafirma com isso o equívoco da decisão do legislador brasileiro de garantir um monopólio público desses serviços.
Não estou entrando no mérito das reivindicações dos trabalhadores em greve. Sou mais pragmático e avalio a questão pelo ângulo do consumidor do serviço, para quem a única informação útil é a de que os Correios não podem continuar monopolizando um serviço que, de tempos em tempos, não é prestado de forma adequada, com prejuízos graves a todos que, definitivamente, não têm nenhuma relação com isso.
O contrassenso de manter os Correios sob o comando estatal deriva da própria Constituição, que expressamente determina que o Estado Brasileiro não deve intervir diretamente na economia, salvo “relevante interesse coletivo” ou “imperativo da segurança nacional”. Ora, anos de paralisações seguidas dos empregados dos Correios deixam claro que o trabalho que vem sendo desenvolvido ali não é um “imperativo da segurança nacional”, já que o país continua de pé após todas essas agressões à sua existência. Por outro lado, não há forma mais evidente de se comprometer o “relevante interesse coletivo” em termos de envios postais do que paralisando os serviços de tempos em tempos, pelo que evidente que estariam mais bem servidos esses interesses se o monopólio fosse extinto e a companhia privatizada.
A cada nova paralisação, vamos nos educando quanto a verdades definitivas: o Estado não é bom gestor, não é bom empresário, não presta bons serviços e, por tudo isso, deve manter-se o mais longe possível do setor produtivo.
Passos lentos, como a aprovação do plano municipal de desestatização na última semana, em São Paulo, vão nos aproximando de uma realidade diferente, sem elefantes brancos, sem cabides de empregos e sem a falsa impressão de que o Estado empresário auxilia a população.