É comum que se diga que as crises, apesar dos efeitos danosos, podem representar um momento de oportunidades. Em geral, isso é verdade, sim. Mas não significa também que seja fácil ou que as soluções sejam automáticas e milagrosas. É preciso que um caminho seja pavimentado para a saída da crise.
Importante também dizer que decisões de governo impactam em milhões de vidas. Costumo dizer que é preciso ter resiliência, porque é raro que as coisas saiam exatamente como se quer; a realidade muitas vezes torna imprescindível a mudança de planos; e é natural que um sem número de soluções, aparentemente contraditórias, sejam postas à mesa.
Só há chance de sucesso, portanto, se há um “norte”. Um “norte” que oriente a tomada de decisões diante das adversidades que aparecem. E, na crise do coronavírus, me parece que esse “norte”, como disse o governador Romeu Zema, deve ser salvar vidas.
Na semana passada, os debates giraram em torno da suposta contradição entre cuidar da saúde e cuidar da economia, como se um governo, em qualquer esfera, pudesse se dar ao luxo de deixar algum destes interesses desassistido. Salvar vidas é cuidar da saúde e cuidar da economia.
Esse esforço passa pelos 900 novos leitos que estão sendo montados no Expominas e nos diversos outros que estão sendo viabilizados no interior, em parceria com hospitais privados e municipais – a previsão é de liberação de quase 2 mil leitos de UTI em todo o estado. Passa pela garantia de que luz e água não sejam cortados nesse momento para quem está na tarifa social. Passa pelo incentivo a que as pessoas fiquem em casa, quando possível, como recomenda a OMS.
Ao mesmo tempo, é preciso que o Estado tenha sensibilidade para propor medidas que aliviem os impactos gerados nesse ambiente. Nesse sentido, o governo de Minas já determinou a prorrogação de diversos prazos, inclusive de pagamento de tributos, e instituiu um comitê gestor, com participação do empresariado, para acompanhar o cenário de crise e deliberar medidas para tratar e mitigar as consequências fiscais, econômicas e financeiras.
Nessa mesma linha, todos os entes da federação e instituições devem atuar em conjunto, deixando disputas políticas de lado e buscando medidas de saúde pública e econômicas que salvem vidas. O caminho para sair da crise não é fácil e ainda é difícil enxergar as oportunidades. Tomara que elas apareçam. Mas não vamos apenas confiar nelas: é preciso pavimentar o caminho. Com o foco em salvar vidas, vamos sair do outro lado.