Guilherme da CunhaAdvogado pós-graduado em Direito Tributário e deputado estadual, coordenador da Frente Parlamentar pela Desburocratização

A profecia de Roberto Campos e a eleição na Câmara

22/01/2021 às 19:52.
Atualizado em 05/12/2021 às 03:59

Roberto Campos uma vez disse que “infelizmente, o Brasil não perde uma oportunidade de perder oportunidades”. Essa frase pode se comprovar mais uma vez no dia 1º de fevereiro, quando a Câmara dos Deputados elegerá seu presidente.

O presidente da Câmara tem como principal prerrogativa definir quais projetos vão ou não para votação. Ele pode acelerar pautas importantes ou sentar em cima de projetos indefinidamente. É uma função decisiva para o país, e sua escolha deveria estar sendo acompanhada pela população, com a mesma intensidade com que debate e acompanha as eleições. Mais importante, sua escolha deveria girar em torno das pautas que cada candidato entende como prioritária e se compromete a colocar em votação.

Infelizmente, não é o que está acontecendo. As principais articulações no país giram em torno de “apoiar Bolsonaro” ou “fazer oposição a Bolsonaro”. Nossa política se apequenou e está se limitando a uma disputa personalista e sem projeto de país.

Bolsonaro é uma enorme decepção e se mostra cada dia mais incapaz de liderar e gerir o país, mas seu governo propôs uma reforma administrativa absolutamente necessária (e que necessita de muitos aperfeiçoamentos). Um candidato unicamente de apoio a ele fará a fiscalização de seu governo para combater essa inépcia? Um candidato que se lança tão-somente como de oposição colocará em votação a fundamental reforma?

Nada disso parece importar para a maioria dos deputados, tampouco para o povo. Infelizmente. Mesmo a sociedade civil organizada e movimentos políticos suprapartidários, que tanto criticam a polarização personalista que tem nos prendido em um atoleiro político e repetem, em roupagem nova, o “ele não” e o “senão o PT volta”. Parecem não perceber que dessa forma repetirão em 2022 o segundo turno de 2018, quando claramente há opção melhor na disputa.

E a opção tem nome e sobrenome: Marcel Van Hattem, candidato lançado pelo NOVO após o partido ter assinado, juntamente com 43 deputados de outros partidos, manifesto contendo as pautas prioritárias para o país e a mesma ser ignorada pelos principais candidatos da disputa. O manifesto elenca como prioritárias a independência do Legislativo em relação aos demais Poderes (ou seja, escapar desse atoleiro personalista da nossa atual política e analisar tecnicamente projetos e pedidos, inclusive os de impeachment), Reforma Tributária, Reforma Administrativa, PEC do Pacto Federativo, privatizações, prisão em segunda instância, fim do foro privilegiado, Reforma Política e fim dos supersalários.

Ter alguém comprometido com essas pautas na presidência da Câmara é uma oportunidade única. Escapar da sinistra profecia de Roberto Campos, que até aqui tem se mostrado quase sempre acertada, demandará engajamento. Não deixe de conversar com seu deputado. Ainda dá tempo de caminharmos para um futuro melhor.

  

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