Monark é um dos fundadores do Flow, um dos maiores podcasts do Brasil. Nos últimos dias, esteve no centro do debate, furando a bolha das redes sociais e chegando aos noticiários, que o associavam a nazismo.
Monark foi estúpido e descuidado. Monark defendeu tão mal sua opinião que colaborou para que o contrário dela ganhasse espaço. Podemos dizer várias coisas sobre Monark, mas não que foi ou é nazista, tampouco que tenha feito apologia a ele. Monark afirmou que nazismo “é de demônio”, “coisa de idiota”. Ficou claro o suficiente que ele não apoia a nefasta ideologia.
Todavia, disse também que deveria existir um partido nazista, e a palavra-chave, desastrosa, foi o “deveria”. Isoladamente, é uma palavra que pode indicar desejo, como se quisesse que tal partido existisse. Quem ouviu apenas essa parte pode ter ficado com a impressão de que ele estaria fazendo apologia, o que seria esclarecido ouvindo o restante do programa.
O restante deixa evidente que o ponto por ele defendido é que opiniões, por mais absurdas que sejam, não devem ser criminalizadas e que a idiotice de uma opinião se combate com uma opinião melhor. Que é preferível que ideias possam ser expressas à luz do dia para que possam ser combatidas com argumentos ou para que fique visível quem são os idiotas.
A facilidade de obter a informação completa, entretanto, não impediu que Monark fosse pesadamente atacado, rotulado como nazista, demitido, cancelado. Esse cancelamento diz mais sobre os canceladores que sobre o próprio Monark.
Alguns canceladores viram a oportunidade de se capitalizar política ou socialmente ao fixar em alguém que estaria no lado oposto do debate público o rótulo do supremo mal – o nazismo – e com isso assumir para si, por antagonismo, a posição de suprema lucidez ou virtude. Como psicopatas, pouco se importaram em distorcer a verdade, em arruinar a vida de alguém, contanto que pudessem obter ganho próprio.
Outros, com pouca informação sobre o fato, viram pessoas influentes falando sobre nazismo e correram para se juntar à “trend”. Sem psicopatia, mas com preguiça em buscar uma informação completa e uma ânsia por pertencimento e aceitação, se apressaram em fazer o que todo mundo estava fazendo para ficar bem com os pares ou simplesmente por receio que eventual silêncio pudesse ser interpretado como adesão ao que está sob ataque.
E houve a imprensa, cuja atuação pode ser bem ilustrada pela afirmação de Renata Vasconcelos, no Jornal Nacional, que Monark havia dado demonstração explícita de antissemitismo, mas que na verdade é demonstração da negligência (ou proposital omissão) de parte do jornalismo em apurar os fatos.
Discordar da posição de Monark sobre ser correto ou não criminalizar opiniões é válido. Rotular Monark de nazista é sinal de ter sido atingido por uma das doenças morais de nosso tempo, a sinalização da virtude.