Romeu Zema recebeu de seu antecessor o estado absolutamente falido. Com muito esforço, conseguiu colocar a casa em ordem. Os salários voltaram a ser pagos integralmente na data correta, os municípios passaram a receber os repasses devidos e os fornecedores de serviços, em especial os da saúde, voltaram a ser pagos, afastando o risco de colapso do serviço. Agora, Minas consegue até mesmo voltar a investir na melhoria de suas estradas, com um programa de quase R$2,5 bi de obras já em execução.
Em sua gestão, a educação recebeu os maiores investimentos de todos os tempos e deu o maior salto de qualidade da história, medida pelo Ideb do ensino médio. A saúde ampliou em mais de 50% o número de leitos no SUS e teve o melhor desempenho de todo o Centro-Sul do Brasil no combate à Covid-19. Minas se tornou o estado mais seguro do país, saltou da 20ª para a 1ª posição no ranking de transparência da CGU, atraiu mais de R$200 bi em investimentos e foi o segundo estado do país que mais gerou empregos.
De reparo em reparo, reforma em reforma, Zema deixou bonito o apê Minas Gerais. O problema é que o prédio Brasil está pegando fogo. Volta da inflação, oito anos seguidos de rombo nas contas públicas, desemprego acima de 10% por mais de meia década. E ainda há as seguidas crises institucionais, o desmonte do combate à corrupção e a falta crônica de coragem para combater privilégios e fazer as reformas que o país precisa.
Não adianta tapar o sol com a peneira. Se nada for feito, esse incêndio vai engolir também o nosso apê. Sem uma reforma tributária nossa economia nunca será competitiva. Sem reforma administrativa nunca eliminaremos os privilégios. Sem uma reforma do sistema processual penal os corruptos sempre ficarão impunes. E sem um enfrentamento corajoso dos abusos do Supremo Tribunal Federal nossas garantias constitucionais não servirão para nada mais do que enfeitar parede, como é o caso do quadro que tenho na porta da minha casa com o lindo artigo 5º de nossa Constituição.
Fico sempre admirado com a coragem dos bombeiros, que correm para entrar nas regiões de perigo da qual todos correm para sair. Sempre me questionava que tipo de maluco sonha com um trabalho desses. Ultimamente me pego pensando se, em proporções muito distintas, não tenho esse quê de maluco também. Mesmo com deputados sendo presos ilegalmente, reputações sendo trituradas na internet por grupos de lobby e o sistema passando igual trator por cima de quem ousa discordar dos “acordões”, a vontade que mais sinto é de estar em Brasília no meio do incêndio, e não no conforto da casa que já colocamos em ordem.