Leandro MazziniMineiro de Muriaé, Leandro Mazzini é jornalista pós-graduado em Ciência Política pela UnB e escritor. Com Walmor Parente, Carol Purificação e Tom Camilo

Reforma mantém poderio de políticos endinheirados

09/10/2017 às 19:43.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:09

A tímida reforma aprovada na última semana a toque de caixa na Câmara e no Senado e sancionada pelo presidente Michel Temer revelou, novamente, o corporativismo da classe política ao manter regras que privilegiam, por exemplo, candidatos endinheirados. Um dos principais articuladores para a manutenção do autofinanciamento – sem limites – foi o milionário presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) que, em 2010, doou R$ 1,63 milhão em recursos próprios ou de suas empresas para a campanha que o elegeu ao Senado. Em 2014, quando concorreu ao governo do Ceará, Eunício arrecadou das próprias empresas e de doadores – como Odebrecht e JBS – mais de R$ 43 milhões.

Rei da soja 

O senador Blairo Maggi (PP), atualmente ministro da Agricultura, foi o maior financiador da própria campanha que o elegeu ao Senado em 2010, com R$ 782,8 mil. 

Relator

Em evidência após a assumir a relatoria da segunda denúncia contra Michel Temer, o deputado tucano Bonifácio de Andrada (MG) também integra a fila de parlamentares endinheirados: doou R$ 813 mil para a própria campanha em 2014. 

Distorções

O deputado petista Henrique Fontana (RS) defende que o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral “corrijam o que chama de distorções e vetem o autofinanciamento livre e as altas contribuições de pessoas físicas”. 

CAIXA preta

Continua o mistério na Caixa sobre patrocínios para eventos nos últimos anos. A Coluna perguntou e a assessoria se limitou a informar que estão no D.O. Não bastasse a preguiça oficial, a malemolência da mesma resposta se estendeu até ao serviço da Lei de Acesso à Informação.

Basta 

Ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cézar Britto, afirma à Coluna que o país vive a crise “mais delicada” de sua história ao defender o pedido de impeachment do presidente Michel Temer apresentado pela entidade em agosto. O advogado, que presidiu a OAB à época do governo Lula, critica as reformas e a venda de estatais empreendidas pelo governo do peemedebista. “É preciso dar um basta”, resume. 

Janot 

Cézar Britto avalia que o ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, exagerou demais na saída do cargo: “Segurou processos e exagerou perdendo a credibilidade que teria se tivesse agido com mais calma - sem muito açodamento”. 

Dodge

O ex-presidente da OAB afirma esperar que a sucessora de Janot, Raquel Dodge, “reconheça a importância da defesa das pessoas e acabe com essa lógica de que todo mundo é culpado até que se prove o contrário”. 

Enxame no finger

Urubus e outros pássaros são passado no risco de operações de voos. Pilotos e passageiros tiveram novo desafio ontem no início da tarde em Cumbica (Guarulhos), por causa de enxame de abelhas na frente de um dos fingers, que atrasou pelo menos um desembarque.

Promoção 

Na semana em que a Polícia Federal visitou endereços de filhos e enteados do senador Romero Jucá (PMDB-RR), líder do Governo no Senado, o parlamentar foi alçado a mais um posto de referência do partido. Irá suceder o ministro Moreira Franco na presidência do Conselho Curador da Fundação Ulysses Guimarães. 

Lava Jato

Investigado na Lava Jato, Romero Jucá preside o PMDB e atua como ministro informal do governo de Michel Temer após ser apeado da chefia do Ministério do Planejamento. Além de Jucá e Moreira, presidiram a Fundação na última década o ministro Eliseu Padilha e o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ambos também alvos da Lava Jato. 

Barrado

Em agosto, o Ministério Público do DF barrou uma tentativa de Jucá de usar R$ 5 milhões da Fundação Ulysses Guimarães  para pagar dívidas de campanha do PMDB. 

Mal do Brasil

Em qualquer país do mundo a tragédia da creche de Janaúba, no Norte de Minas, seria tratada como atentado terrorista. Em vez disso, as autoridades não apareceram para confortar as famílias dos pequenos que se foram. O presidente da República se escondeu no Palácio. O governador Pimentel passou por lá. 

Outubro Rosa

Avança na Câmara projeto que estabelece prazo máximo de 30 dias para a realização de exames e início de tratamento de câncer pelo SUS. Proposta segue para avaliação das comissões de Finanças e Constituição e Justiça. 

Ponto Final

“Saibam que os que clamam por sua volta (da ditadura) e muitos que a apoiaram terminaram presos e torturados”
Do senador João Capiberibe (PSB-AP)

  

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