Nos últimos cinco anos, o Brasil criou um exército de startups: passamos de 5 mil para 13 mil negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos, espalhados por 692 cidades. Também fomos de nenhum unicórnio, ou startup avaliada em ao menos US$ 1 bilhão, para 15 deles. Mesmo assim, alguns desafios continuam, como atrair mais investimentos, encontrar talentos e simplificar o ambiente regulatório.
Essa evolução é mostrada em um relatório da empresa de tecnologia Google, elaborado em parceria com a empresa de pesquisas Kantar. A pesquisa comemora os cincos anos de atuação brasileiro da vertical de fomento ao empreendedorismo inovador e tecnológico do Google, chamada Google for Startups. O relatório também faz um resumo do desenvolvimento das startups no país ano a ano desde 2016, inclusive entrevistando fundadores de negócios que vivenciaram o crescimento do ecossistema empreendedor.
“Hoje ficamos atrás apenas de China e Estados Unidos em número de unicórnios. Ultrapassamos ecossistemas maduras, como Alemanha e Israel”, disse Fabio Coelho, presidente do Google Brasil, em coletiva de imprensa realizada nessa quinta-feira (19) para apresentar o relatório.
“O impacto é inquestionável. Em todos os segmentos de mercado, no dia a dia de todos os brasileiros. Por trás de muitas transformações recentes vividas no Brasil, está o trabalho de uma startup, que cumpre seu papel de reinvenção. Esse impacto é impulsionado por um ecossistema empreendedor vibrante, espalhado por todo o Brasil e que, unido, é capaz de grandes transformações”, escreve o Google for Startups na pesquisa.
O primeiro campus brasileiro do Google for Startups foi inaugurado em 2016, na cidade de São Paulo. O relatório também faz um resumo do desenvolvimento das startups no país ano a ano desde 2016, inclusive entrevistando fundadores de negócios que vivenciaram o crescimento do ecossistema empreendedor.
“Ainda há muito a caminhar. Apesar de ser reconfortante observar a evolução do ecossistema em um período que, além de curto (são apenas cinco anos!), foi marcado por grande instabilidade, é importante que se observe o tamanho do espaço ainda disponível para evolução”, escreve o André Barrence, CEO do Google for Startups.
Os fatores com maiores notas absolutas foram “Disponibilidade de organizações apoiadoras de startups, como incubadoras e aceleradoras” (5,8); “Densidade do ecossistema empreendedor” (5,7); e “Disponibilidade de informações sobre startups no Brasil” (5,1). Já os que apresentaram maior avanço percentual entre 2016 e 2021 foram “Facilidade de acesso a fundos de investimento” (+266%); “Disponibilidade de talentos” (+169%); e novamente “Disponibilidade de organizações apoiadoras de startups, como incubadoras e aceleradoras” (+141%).
Um estudo feito pela ABStartups e pelo Google em 2019 mostrou que existem mais de 60 comunidades de startups espalhadas pelo Brasil. “Acho que existe ainda concentração de startups em cidades, como Belo Horizonte, Florianópolis, Recife e São Paulo. Mas vemos ecossistemas emergentes, como os de Maceió e Manaus”, diz Barrence. “Para aumentar essa densidade, temos de ampliar as redes capazes de apoiar empreendedores onde quer que eles estejam.”, acredita ele.
Por outro lado, os fatores com menores notas absolutas foram “Ambiente regulatório” (0,9); “Presença de diversidade” (2,8); e “Disponibilidade de Talentos” (3,5). Os menores avanços percentuais foram vistos novamente em “Ambiente regulatório” (+80%); “Disponibilidade de informações sobre startups no Brasil” (+88%); e “Densidade do ecossistema empreendedor” (+103%).
Em seu relatório, o Google for Startups detalhou três desafios para um maior crescimento de startups: acesso a fundos de investimento; disponibilidade de talentos; e ambiente regulatório.
Embora a facilidade de acessar fundos de investimento tenha sido o atributo de maior evolução no ecossistema empreendedor brasileiro nos últimos cinco anos, o estudo Brazil Digital Report 2019/McKinsey indica que há muito espaço para crescer a presença de fundos de investimento no país. “O volume de investimentos realizados no Brasil, em relação ao PIB, quando comparado com países que abrigam ecossistemas empreendedores bem desenvolvidos é baixo. Enquanto o Brasil movimenta um volume de investimentos equivalente a 0,04% do seu Produto Interno Bruto, países como EUA, Canadá e Alemanha movimentam, respectivamente, 0,43%, 0,16% e 0,11%”, escreveu o Google for Startups.
Barrence ressalta que esse dinheiro ainda está concentrado em alguns fundos e em algumas startups no Brasil. “Existe um número de empresas que captaram um volume significativo, e outras captaram um volume bem menor. A concentração é um desafio que ainda podemos evoluir no ecossistema.”
Outro problema enfrentado globalmente por startups é encontrar talentos, especialmente olhando para posições técnicas. Segundo a McKinsey, o Brasil tem cerca de 1% da sua população formada em áreas chamadas de STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), enquanto em países como EUA e Canadá, o percentual chega a quase 5%.